São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Trompetista Miles Davis está em novo volume da Coleção Folha

Artista americano sintetizou as mais diversas tendências musicais de seu tempo

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele tocou com os mais renomados instrumentistas de seu tempo, participou de movimentos distintos e ditou moda no jazz do pós-guerra. Músico-síntese do gênero no século 20, o trompetista Miles Davis é tema do volume 11 da Coleção Folha Clássicos do Jazz, que sai no próximo domingo.
Bebop, cool jazz, jazz modal, hard bop, third stream, jazz-funk, jazz fusion: a todos esses momentos díspares e contraditórios Miles Dewey Davis (1926-1991) emprestou seu trompete, imprimindo a cada um deles a marca de uma personalidade musical forte.
A lista de parceiros musicais também é extensa, impressionante e eclética: Miles Davis teve a seu lado gente tão diferente como Charlie Parker, Gerry Mulligan, Herbie Hancock, John Coltrane, Chick Corea e Art Blakey, para ficar apenas em uma lista breve.
Com um apetite musical incansável, Davis sintetizou também as mais diversas tendências musicais de seu tempo, desde o cerebralismo da música eletroacústica até os acentos mais dançantes do pop.
Desta forma, artisticamente, nem é possível falar em um Miles Davis, mas em vários. Um a improvisar na trilha sonora do filme "Ascensor para o Cadafalso", de Louis Malle; outro, que, em sofisticados arranjos de Gil Evans, relê obras eruditas de compositores espanhóis em "Sketches of Spain"; um terceiro a se moldar ao piano de Bill Evans em "Kind of Blue"; um quarto a proceder experimentos eletrônicos em "Bitches Brew"; um quinto executando a balada pop "Time After Time", de Cindy Lauper, em "You're Under Arrest". E por aí vai.
Em meio a tamanha variedade, gostar de todos os discos de Davis parece tão difícil como não apreciar nenhum deles. A produção do trompetista foi rica, desigual e abundante, como a música popular norte-americana do século 20, refletindo suas mudanças de gosto e sua capacidade de se reinventar.
O traço em comum que encontramos ao ouvir essas performances é uma sonoridade única ao trompete, despojada de vibrato, como apregoava Elwood Buchanan, o trompetista que cuidou de seus primeiros estudos musicais, aos 13 anos.
Reza a lenda que Buchanan batia em Davis com uma régua a cada vez que o jovem pupilo tocava com vibrato. Efeito ou não das sovas aplicadas pelo mestre, o fato é que essa preferência por emitir um som que fosse "liso" e "redondo" o acompanhou por toda a carreira: "Se eu não consigo um som desses, não dou conta de tocar nada", chegou a afirmar.


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