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Na rede
TV conectada
Emissoras exploram a web como forma de atrair público e
definem estratégias para não perder a "corrida ao ouro"
CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enfim a internet começa a
ser bem aproveitada pela mídia
televisiva brasileira. Está, sim,
em fase beta, mas há boas idéias
e formatos interessantes. Tanto na TV aberta como nos canais pagos, o meio vai além da
já tão batida "interatividade"
que não passa da leitura de e-mails no ar.
O "Roda Viva", da TV Cultura, sempre contou com a participação do telespectador. Agora, depois de 22 anos no ar, o
programa reinventa essa participação e transforma o telespectador passivo em uma figura ativa dentro do programa.
Essa nova figura -cruzamento entre telespectador e internauta- ainda precisa ser batizada. São twitteiros, palpiteiros, pauteiros, roteiristas que,
de suas casas, interagem ao vivo, com perguntas nos chats,
participações em vídeo e análises do conteúdo exibido no ar.
A Cultura começou a transmitir, em caráter experimental,
há pouco mais de dois meses, a
íntegra do programa no site
www.radarcultura.com.br/rodaviva, às vezes antes mesmo de ser apresentado na TV.
Esse é um verdadeiro processo de "auto-furo", mas que,
para os produtores, não é prejudicial. Eles acreditam que,
assim, o público terá acesso
mais livre ao conteúdo.
"A TV e a internet não são
concorrentes; se complementam. Com essas transmissões
on-line, criamos um novo público: mais jovem, politizado,
antenado", diz Lia Rangel, responsável pelas transmissões
participativas do canal.
Lia conta que a Cultura tem
observado experiências mundo
afora, como a da TV criada por
Al Gore na internet, feita com a
colaboração de internautas, a
Current TV. "Queremos atrair
os superconectados e quebrar
monopólios. Qualquer um pode produzir conteúdo."
Corrida pelo ouro
Paulo Markun, presidente da
Fundação Padre Anchieta
mantenedora das rádios e TV
Cultura, compara esse início da
TV 2.0 à caça ao ouro no Velho
Oeste. "Não gosto dessas definições [TV 2.0]; acho que é
mais do que isso. Esse início
funciona como uma corrida em
busca do ouro, com centenas de
garimpeiros dando com os burros n'água e apenas um ou dois
que vão se destacar." E completa: "Queremos ser um desses".
Na tela do computador de
quem assiste ao "Roda Viva"
pela internet estão três visões
diferentes: a da câmera "oficial", a dos bastidores e a câmera que acompanha o andamento do trabalho do chargista
Paulo Caruso. Nas colunas de
texto, perguntas e comentários
chegam via chat e twitter.
Outras experiências de
transmissão experimental participativa já foram feitas pela
Cultura, como nos programas
"Vitrine" e "Cambalhota".
Na TV paga, o Futura faz uma
experiência parecida. O "Jornal
Futura" disponibiliza antes na
internet uma reportagem que
será veiculada na TV.
"Por não trabalharmos dentro dos moldes da atualidade e
da notícia quente, temos a possibilidade de fazer essa reflexão
sobre a notícia", diz a gerente-geral do Futura, Lúcia Araújo.
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