São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Na rede

TV conectada

Emissoras exploram a web como forma de atrair público e definem estratégias para não perder a "corrida ao ouro"

CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enfim a internet começa a ser bem aproveitada pela mídia televisiva brasileira. Está, sim, em fase beta, mas há boas idéias e formatos interessantes. Tanto na TV aberta como nos canais pagos, o meio vai além da já tão batida "interatividade" que não passa da leitura de e-mails no ar.
O "Roda Viva", da TV Cultura, sempre contou com a participação do telespectador. Agora, depois de 22 anos no ar, o programa reinventa essa participação e transforma o telespectador passivo em uma figura ativa dentro do programa.
Essa nova figura -cruzamento entre telespectador e internauta- ainda precisa ser batizada. São twitteiros, palpiteiros, pauteiros, roteiristas que, de suas casas, interagem ao vivo, com perguntas nos chats, participações em vídeo e análises do conteúdo exibido no ar.
A Cultura começou a transmitir, em caráter experimental, há pouco mais de dois meses, a íntegra do programa no site www.radarcultura.com.br/rodaviva, às vezes antes mesmo de ser apresentado na TV.
Esse é um verdadeiro processo de "auto-furo", mas que, para os produtores, não é prejudicial. Eles acreditam que, assim, o público terá acesso mais livre ao conteúdo.
"A TV e a internet não são concorrentes; se complementam. Com essas transmissões on-line, criamos um novo público: mais jovem, politizado, antenado", diz Lia Rangel, responsável pelas transmissões participativas do canal.
Lia conta que a Cultura tem observado experiências mundo afora, como a da TV criada por Al Gore na internet, feita com a colaboração de internautas, a Current TV. "Queremos atrair os superconectados e quebrar monopólios. Qualquer um pode produzir conteúdo."

Corrida pelo ouro
Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta mantenedora das rádios e TV Cultura, compara esse início da TV 2.0 à caça ao ouro no Velho Oeste. "Não gosto dessas definições [TV 2.0]; acho que é mais do que isso. Esse início funciona como uma corrida em busca do ouro, com centenas de garimpeiros dando com os burros n'água e apenas um ou dois que vão se destacar." E completa: "Queremos ser um desses".
Na tela do computador de quem assiste ao "Roda Viva" pela internet estão três visões diferentes: a da câmera "oficial", a dos bastidores e a câmera que acompanha o andamento do trabalho do chargista Paulo Caruso. Nas colunas de texto, perguntas e comentários chegam via chat e twitter.
Outras experiências de transmissão experimental participativa já foram feitas pela Cultura, como nos programas "Vitrine" e "Cambalhota".
Na TV paga, o Futura faz uma experiência parecida. O "Jornal Futura" disponibiliza antes na internet uma reportagem que será veiculada na TV.
"Por não trabalharmos dentro dos moldes da atualidade e da notícia quente, temos a possibilidade de fazer essa reflexão sobre a notícia", diz a gerente-geral do Futura, Lúcia Araújo.


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