São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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MÚSICA

Fase áurea de Simonal volta em CD

Doze LPs e uma série de compactos que o cantor lançou entre 1961 e 1971 pela gravadora Odeon são reeditados

Artista transitou em vários gêneros musicais, como a bossa nova, o samba-jazz, a "pilantragem" e a black music à brasileira


MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fora uma ou outra alteração no projeto gráfico, a caixa que a EMI coloca nas lojas este mês com parte substancial da obra fonográfica de Wilson Simonal (1938 -2001) é a mesma editada em 2004 -e que, então, permaneceu em catálogo por não muito mais do que dois anos.
Como aquela, a nova edição traz todos os 12 álbuns gravados pelo cantor na finada Odeon, condensados em sete CDs, mais um duplo com 41 faixas consideradas raras -a maioria extraída de compactos.
O material parte da primeira gravação, feita em 1961: o chá-chá-chá "Terezinha", de Carlos Imperial. Inaugurava em clima de pré-jovem guarda -à Celly e Tony Campello- uma carreira que jamais se amarraria a um único gênero. Encerra em 1971, com o LP "Jóia, Jóia".
Entre uma coisa e outra, Simonal fez loucuras. Seu début em LP foi com "Tem "Algo Mais'" (1963), quase um disco de bossa nova. Ainda que o vozeirão do cantor contradissesse o gênero, faixas como "Samba Cromático" -claramente decalcada do hino "Samba de uma Nota Só", de Tom Jobim e Newton Mendonça-, entregavam a influência.
Na sequência, vieram três álbuns de samba-jazz, com arranjos assinados por craques do estilo -Lyrio Panicali, Eumir Deodato, J.T.Meirelles e Erlon Chaves- e que serviriam de base à parte da música negra brasileira a partir dali.
"Vou Deixar Cair..." (1966) inaugura o ciclo da "pilantragem", gênero que teve em Simonal seu maior divulgador e gerou, em seguida, os quatro volumes da série "Alegria Alegria", entre 1967 e 1969, e clássicos como "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "Vesti Azul", "Nem Vem que Não Tem" e "Sá Marina". Gravado ao vivo no Teatro da Record, o "Show em Simonal" (1967) registra o auge desse período de alegria.
O tempo fecharia no final da temporada do cantor na Odeon. Mais melancólicos, "Simonal" (1970) e "Jóia, Jóia" (1971) levam o cantor para o terreno do samba-soul, a black music à brasileira que teve o intérprete como precursor. Nesse mesmo 1971, Simonal se envolveria no imbróglio político-policial tão divulgado neste ano que o levaria, também, a deixar a gravadora onde fez sua história. Tanto quanto o artista, a música pagaria o pato.


WILSON SIMONAL NA ODEON (1961-1971)

Artista: Wilson Simonal
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 130 (9 CDs)




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