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MÚSICA
Fase áurea de Simonal volta em CD
Doze LPs e uma série de compactos que o cantor lançou entre 1961 e 1971 pela gravadora Odeon são reeditados
Artista transitou em vários gêneros musicais, como a bossa nova, o samba-jazz,
a "pilantragem" e a black music à brasileira
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fora uma ou outra alteração
no projeto gráfico, a caixa que a
EMI coloca nas lojas este mês
com parte substancial da obra
fonográfica de Wilson Simonal
(1938 -2001) é a mesma editada
em 2004 -e que, então, permaneceu em catálogo por não
muito mais do que dois anos.
Como aquela, a nova edição
traz todos os 12 álbuns gravados pelo cantor na finada
Odeon, condensados em sete
CDs, mais um duplo com 41 faixas consideradas raras -a
maioria extraída de compactos.
O material parte da primeira
gravação, feita em 1961: o chá-chá-chá "Terezinha", de Carlos
Imperial. Inaugurava em clima
de pré-jovem guarda -à Celly e
Tony Campello- uma carreira
que jamais se amarraria a um
único gênero. Encerra em 1971,
com o LP "Jóia, Jóia".
Entre uma coisa e outra, Simonal fez loucuras. Seu début
em LP foi com "Tem "Algo
Mais'" (1963), quase um disco
de bossa nova. Ainda que o vozeirão do cantor contradissesse
o gênero, faixas como "Samba
Cromático" -claramente decalcada do hino "Samba de uma
Nota Só", de Tom Jobim e
Newton Mendonça-, entregavam a influência.
Na sequência, vieram três álbuns de samba-jazz, com arranjos assinados por craques
do estilo -Lyrio Panicali, Eumir Deodato, J.T.Meirelles e
Erlon Chaves- e que serviriam
de base à parte da música negra
brasileira a partir dali.
"Vou Deixar Cair..." (1966)
inaugura o ciclo da "pilantragem", gênero que teve em Simonal seu maior divulgador e
gerou, em seguida, os quatro
volumes da série "Alegria Alegria", entre 1967 e 1969, e clássicos como "Mamãe Passou
Açúcar em Mim", "Vesti Azul",
"Nem Vem que Não Tem" e "Sá
Marina". Gravado ao vivo no
Teatro da Record, o "Show em
Simonal" (1967) registra o auge
desse período de alegria.
O tempo fecharia no final da
temporada do cantor na
Odeon. Mais melancólicos, "Simonal" (1970) e "Jóia, Jóia"
(1971) levam o cantor para o
terreno do samba-soul, a black
music à brasileira que teve o intérprete como precursor.
Nesse mesmo 1971, Simonal
se envolveria no imbróglio político-policial tão divulgado
neste ano que o levaria, também, a deixar a gravadora onde
fez sua história. Tanto quanto o
artista, a música pagaria o pato.
WILSON SIMONAL NA
ODEON (1961-1971)
Artista: Wilson Simonal
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 130 (9 CDs)
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