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"Última Hora" abre acervo na internet
Mais de 50 mil fotos e ilustrações do jornal podem ser consultados no site do Arquivo Público de São Paulo
Acervo forma um painel do Brasil entre os anos 1950 e 1960; mais 30 mil imagens serão digitalizadas neste ano
DE SÃO PAULO
Parte de um vasto painel
social, econômico, político e
cultural dos anos 1950 e 1960
no Brasil ganhou visibilidade
na internet.
Mais de 50 mil fotos, muitas inéditas, e outras mil ilustrações do acervo do jornal
"Última Hora", do Rio, foram
colocadas no site do Arquivo
Público de São Paulo em
agosto (www.arquivoestado.sp.gov.br).
O material, que pode ser
consultado on-line gratuitamente, faz companhia a milhares de páginas da publicação que estão disponíveis
desde 2008 na rede.
Fundado pelo jornalista
Samuel Wainer (1910-1980)
em 1951, o "Última Hora" é
um caleidoscópio de um período de transformações do
Brasil, que abrange desde o
segundo governo de Getúlio
Vargas, iniciado no mesmo
ano, até a ditadura militar.
Essa é a visão do historiador Lauro Ávila Pereira, diretor do departamento de preservação e difusão do acervo
do Arquivo Público.
Ávila ressalta que as cores
do "Última Hora" não são só
políticas: "Teatro, futebol,
economia e o dia a dia de diversas camadas da sociedade eram retratadas".
"Popular e dinâmico", diz
Ávila, o "Última Hora" é fonte de pesquisas de um "importante período histórico,
social, econômico e político,
entre o início da década de 50
e o golpe militar de 1964".
Às 50 mil imagens colocadas recentemente no site, devem se juntar mais 30 mil
ainda neste ano.
Dessas fotografias, "muitas foram vistas apenas duas
vezes: por quem clicou e pelo
editor que não quis publicá-la", diz Ávila.
Isso porque o conjunto
vem de mais de 500 mil negativos que não chegaram a ser
ampliados para publicação.
Ou seja, material inédito.
CORVO
De 1951 a 1971, quando o
jornal era controlado por
Wainer, publicaram no "Última Hora" do Rio profissionais como o fotógrafo Jean
Manzon (1915-1990) e os
chargistas Nássara (1910-1996), Octavio e Lan.
Foi ali que Lan, por exemplo, retratou o jornalista Carlos Lacerda (1914-1977) como
uma ave negra -"O Corvo",
como Wainer o chamava.
O editor do "Última Hora",
que apoiava Getúlio Vargas,
era inimigo de Lacerda, opositor radical do presidente.
Em 1965, a empresa Folha
da Manhã SA comprou o jornal, que mudou o foco e foi
publicado até 1979.
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