São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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"Última Hora" abre acervo na internet

Mais de 50 mil fotos e ilustrações do jornal podem ser consultados no site do Arquivo Público de São Paulo

Acervo forma um painel do Brasil entre os anos 1950 e 1960; mais 30 mil imagens serão digitalizadas neste ano

DE SÃO PAULO

Parte de um vasto painel social, econômico, político e cultural dos anos 1950 e 1960 no Brasil ganhou visibilidade na internet.
Mais de 50 mil fotos, muitas inéditas, e outras mil ilustrações do acervo do jornal "Última Hora", do Rio, foram colocadas no site do Arquivo Público de São Paulo em agosto (www.arquivoestado.sp.gov.br).
O material, que pode ser consultado on-line gratuitamente, faz companhia a milhares de páginas da publicação que estão disponíveis desde 2008 na rede.
Fundado pelo jornalista Samuel Wainer (1910-1980) em 1951, o "Última Hora" é um caleidoscópio de um período de transformações do Brasil, que abrange desde o segundo governo de Getúlio Vargas, iniciado no mesmo ano, até a ditadura militar.
Essa é a visão do historiador Lauro Ávila Pereira, diretor do departamento de preservação e difusão do acervo do Arquivo Público.
Ávila ressalta que as cores do "Última Hora" não são só políticas: "Teatro, futebol, economia e o dia a dia de diversas camadas da sociedade eram retratadas".
"Popular e dinâmico", diz Ávila, o "Última Hora" é fonte de pesquisas de um "importante período histórico, social, econômico e político, entre o início da década de 50 e o golpe militar de 1964".
Às 50 mil imagens colocadas recentemente no site, devem se juntar mais 30 mil ainda neste ano.
Dessas fotografias, "muitas foram vistas apenas duas vezes: por quem clicou e pelo editor que não quis publicá-la", diz Ávila.
Isso porque o conjunto vem de mais de 500 mil negativos que não chegaram a ser ampliados para publicação. Ou seja, material inédito.

CORVO
De 1951 a 1971, quando o jornal era controlado por Wainer, publicaram no "Última Hora" do Rio profissionais como o fotógrafo Jean Manzon (1915-1990) e os chargistas Nássara (1910-1996), Octavio e Lan.
Foi ali que Lan, por exemplo, retratou o jornalista Carlos Lacerda (1914-1977) como uma ave negra -"O Corvo", como Wainer o chamava.
O editor do "Última Hora", que apoiava Getúlio Vargas, era inimigo de Lacerda, opositor radical do presidente.
Em 1965, a empresa Folha da Manhã SA comprou o jornal, que mudou o foco e foi publicado até 1979.


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