São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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Cópia restaurada de "Lílian M" abre festival

Versão sem cortes do filme de Carlos Reichenbach foi destaque do evento em Brasília

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Um ano após "Lula, o Filho do Brasil", quando políticos, jornalistas e convidados quase se estapearam por um lugar no teatro Claudio Santoro, o Festival de Brasília voltou a ser, puramente, cinematográfico.
A abertura, anteontem, passou longe do frisson de 2009. Desta vez, apenas o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e gente ligada ao cinema compareceu à cerimônia.
A estrela da noite foi o cineasta Carlos Reichenbach, homenageado nesta 43ª edição com a exibição, em cópia restaurada, de "Lílian M: Relatório Confidencial".
O filme, lançado em 1975 com 25 minutos cortados por exigência dos censores, que se incomodaram, sobretudo, com os ataques à moral familiar, voltou à tela com os seus 120 minutos originais.
Ao subir ao palco para receber o troféu, Reichenbach estava emocionado. Com a visão comprometida pela catarata, brincou: "Não estou enxergando bem, mas estou pensando bem". Em seguida, relembrou que o intelectual e teórico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes (1916-77), um dos criadores do festival, foi o primeiro a defender "Lílian M" publicamente.
Feito com dinheiro de herança, o filme, que ri da ideologia de direita reinante então, fez cerca de 500 mil espectadores. Montado por Inácio Araújo, crítico de cinema da Folha, "Lílian M." foi, segundo o diretor, "reinventado na moviola", no correr de seis meses.
Antes do início da projeção, Reichenbach relembrou a viagem que fizera ao Rio para receber um prêmio que, supostamente, a atriz Célia Olga Benvenutti, a Lílian, receberia. Mas o prêmio foi parar em outras mãos.
"Foi a pior volta do Rio para São Paulo da minha vida", disse. "Então, hoje, vou substituir um prêmio que está extinto e morto por um prêmio que está mais vivo do que nunca." Entregou, assim, o troféu em sua homenagem a Benvenutti, a atriz que, há 35 anos, deu corpo e rosto a esse filme de ideal libertário e espírito marginal.


A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a convite do festival


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