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CINEMA
Principal festival de documentários do mundo, que abre hoje na Holanda, espelha a ascensão do gênero no país
Brasileiros ganham espaço em Amsterdã
AMIR LABAKI
enviado especial a Amsterdã
O principal festival de documentários do mundo, o de Amsterdã
(Holanda), espelha a partir de hoje
a ascensão do gênero e a retomada
da produção brasileira. O Brasil leva à 11ª edição do evento, que
acontece até o próximo dia 3, dois
concorrentes e dois jurados.
Aurélio Michiles concorre ao
Prêmio Joris Ivens de melhor filme
com "O Cineasta da Selva", sobre o
pioneiro do documentarismo
amazônico, Silvino Santos. A
América Latina é ainda representada por "Tinta Vermelha", dos argentinos Carmen Guarini e Marcelo Céspedes. O diretor de "O Velho", Toni Venturi, participa do
júri internacional. A disputa vai
ser dura. São 22 competidores de
15 países. Holanda e EUA apresentam a maior seleção, com três títulos cada. Excetuados os latino-americanos e um isolado japonês,
os demais títulos são europeus.
"Fotoamator", de Dairius Jablonski, é uma poderosa reconstituição do cotidiano dos guetos na
Polônia sob o nazismo. Torna-o
ainda mais contundente o fato de
fazê-lo por meio do olhar de um
burocrata austríaco que serve ao
Terceiro Reich. O dinamarquês
Torben Skjodet Jensen dá continuidade a sua série sobre a vida
metropolitana com "Flâneur 3".
Os dois primeiros episódios foram
exibidos em São Paulo na retrospectiva dedicada a ele em 1995 pelo
Festival Internacional de Curtas.
Há ainda "Kurt and Courtney", o
filme-escândalo de Nick Broomfield, banido do Sundance deste
ano. São dois filmes em um. Na
primeira parte, Broomfield desenha um revelador perfil de Kurt
Cobain, da infância desgarrada à
infelicidade apesar do sucesso
com o Nirvana. Na segunda, impõe-se a teoria conspiratória de
que ele não teria cometido suicídio, mas sim morto a mando de
sua companheira, Courtney Love.
"Kurt and Courtney" não é o melhor filme do britânico Broomfield, mas transformou-o no mais
famoso documentarista em atividade. Com fones no ouvido, microfone na mão e gravador a tiracolo, Broomfield tornou-se seu
principal personagem. Criou uma
espécie de documentarismo sensacionalista, assinando filmes sobre a ex-líder inglesa Margaret
Thatcher e a ex-cafetina de Hollywood, Heidi Fleiss.
Há um mês, Broomfield confirmou à Folha em Los Angeles estar
planejando um documentário sobre a Cuba de Fidel. "Nunca estive
lá. Você já foi?", perguntou procurando cumplicidade. Superestimado que seja, uma coisa é certa:
com seu charme e faro, Broomfield tem como poucos ampliado a
repercussão do gênero.
Não menos disputada será a
competição documentários em vídeo, com 15 produções de 11 países. Um dos episódios do estupendo "Futebol", de João Moreira Salles e Arthur Fontes, marca presença. Seu principal adversário deve ser mais um vídeo do genial Péter Forgácz, "Exodus Along the
Danube", que vem recontando a
história húngara por meio da recuperação de filmes caseiros.
A presença brasileira conta ainda com a participação de Carlos
Alberto de Mattos no júri internacional da crítica (Fipresci).
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