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VIDA BANDIDA
A pérola
VOLTAIRE DE SOUZA
É Natal. Tempo de amor.
Tempo de panetone. Há
bons panetones industrializados. Mas dona Iracema
preferia fazer em casa.
Grande quituteira. E um
grande coração. Distribuía
seu excelente panetone artesanal junto à população
carente do bairro. "O pobre
também tem paladar." Voltou para casa com fermento
na alma. Mas deu pela falta
do seu brinco de pérola.
"Perdi? Roubaram?" O acusado foi o segurança Genival. Estará ouvindo a Missa
do Galo no DP da região.
Mas a pérola, misturada à
massa do panetone, foi engolida pelo indigente Bilu.
Desconhecemos as riquezas
que temos dentro de nós.
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