São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2002

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Cássia Eller era alérgica a xilocaína

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A irmã de Cássia Eller, Carla Eller, disse que sua irmã era alérgica a adrenalina e xilocaína -medicamentos dados a ela na clínica Santa Maria, durante as manobras de ressuscitação depois das paradas cardíacas.
Ontem a direção do IML confirmou oficialmente que a xilocaína foi a única substância detectada nos exames toxicológicos feitos no IML (Instituto Médico Legal) do Rio. Não foram encontradas drogas nem álcool nos exames toxicológicos, cujo resultado foi revelado anteontem pela Folha.
A polícia não confirma oficialmente, mas não descarta a hipótese de que sejam pedidos novos exames toxicológicos e até a exumação do corpo da cantora.
Para a diretora do IML, Sílvia Falcão, é improvável que tenha ocorrido um choque anafilático por alguma reação a medicamentos, porque o choque anafilático é uma reação muito rápida, que seria percebida tanto no hospital como na necropsia.
A Folha apurou que a necropsia de Cássia não encontrou o que se chama de edema de glote -o inchaço e fechamento da glote (abertura existente na laringe).
"Por enquanto, o que sabemos é que ela não morreu pelo uso de drogas nem de álcool", afirmou a diretora do IML. Sílvia Falcão disse que o álcool é a única substância que, por ser metabolizada mais rapidamente, poderia ter sido eliminada do corpo de Cássia, já que ela estava tomando soro.
"Se houvesse drogas ilícitas, elas apareceriam nos exames", afirmou. Na sua avaliação, a causa da morte virá dos exames histopatológicos e das informações hospitalares -o que poderá levar a um diagnóstico de morte natural.
O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que não há por que duvidar dos exames toxicológicos feitos no IML. "Só podemos pensar em exumação se existir uma coisa concreta, que até agora não existe", afirmou o chefe de polícia.
A diretora do IML disse que não vê necessidade de repetir os exames toxicológicos, porque o resultado deles é muito claro, mas que o material estará à disposição da polícia e de quem quiser fazer exames para contraprova.
A polícia investiga também se houve erro no atendimento dado a Cássia na clínica Santa Maria. Carla Eller, por enquanto, prefere não cogitar essa hipótese: "Não quero falar em erro médico. Não recebi da clínica informação sobre o que ela tomou. Estamos felizes porque os exames toxicológicos foram negativos".
Falta, porém, esclarecer o que teria provocado a parada cardíaca, já que só depois disso Cássia tomou adrenalina e xilocaína. É isso que o IML está tentando descobrir, com o auxílio das informações solicitadas à clínica.
O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) informou que irá abrir sindicância para apurar o caso e que está esperando receber o laudo do IML e uma cópia do inquérito da delegacia para tomar essa providência.
A Folha procurou ontem o diretor da clínica, Mário Heringer, mas ele não foi encontrado. No escritório do advogado da clínica, Luiz Marcelo Lubanco, funcionários informaram que ele estava em São Paulo. Lubanco também não respondeu aos recados deixados em seu celular.
A companheira da cantora, Eugênia Martins, divulgou ontem nota dizendo que está com Chicão, filho de Cássia, na casa de amigos no Espírito Santo. ""Ele não está sumido como insiste em afirmar seu avô materno, Altair Eller." Carla Eller disse que toda a família concorda que Eugênia deve ficar com a guarda do menino.


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