São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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FILMES

CINEMA

Curta reconstitui a missão de Gentileza

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

É no mínimo estranho que um homem decida viver sua vida imerso em pureza, pregando todos aqueles valores que aprendemos na infância como necessários e que renegamos em prol da sobrevivência. E se esse homem aparentemente louco virasse uma referência para uma metrópole como o Rio de Janeiro, como chamaríamos isso? Milagre?
Assim foi a vida de José Datrino, dito Gentileza, tema do curta "Gentileza" (2003), atração de hoje do canal Brasil. Por 35 anos, este paulista de Mirandópolis pregou a paz, a beleza e a perfeição. "Não use problemas, use gentileza" e "gentileza gera gentileza" eram alguns de seus lemas.
O personagem deixou 56 painéis pintados com essas inscrições nos pilares do viaduto do Caju, na zona portuária do Centro do Rio. Foi motivo de chacota pelas suas vestes brancas, sua folha de palmeira e sua tábua florida, mas também foi querido por aqueles que o presenciavam.
Sua morte, em 1996, aos 79, na cidade de Mirandópolis, foi sentida no Rio. Era como se a cidade tivesse perdido um de seus elos com a esperança no ser humano, ao despedir-se do louco que disse ter recebido, em 1961, a missão de pregar o amorrr universal (para ele, esse amor se escrevia com três "r", um para cada ente da Santíssima Trindade).
Para um personagem dessa magnitude, Dado Amaral optou por um caminho bem abaixo do que o profeta merecia. Vestindo as roupas e usando os apetrechos que Gentileza usava, ele apenas encarna o mítico personagem pelas ruas do Rio, na intenção de perceber a ausência e a saudade do profeta no seio da população.
Essa saudade é alcançada, mas pouco da história é trazido. Afora os preciosos depoimentos do próprio Datrino, resta pouco do profeta-artista, refletindo uma curtíssima visão do personagem-tema. Decerto Gentileza era uma flor de humildade, mas sua história e seu legado ainda merecem mais.


GENTILEZA. Quando: hoje, às 23h15, no canal Brasil.

Julgamento americano

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Festim Diabólico", de Hitchcock, é bem mais conhecido do que "Estranha Compulsão" (Telecine Classic, 22h), de Richard Fleischer.
Ambos os filmes têm como princípio o caso de dois rapazes que, por se julgarem intelectualmente acima dos homens comuns -e moralmente ao largo- , matam um jovem. Hitchcock centrou sua trama no fato e no suspense.
Fleischer privilegia o julgamento -momento de juízo, tão caro ao cinema americano-, quando ganham destaque a figura e o discurso do advogado Orson Welles.
De resto, é uma oportunidade a mais para comprovar o talento de Fleischer. E, de passagem, para verificar que nem só de musicais caidaços vive hoje o Telecine Classic.

Meu Pai Herói
SBT, 14h30.

(My Father the Hero). Inglaterra, 94, 90 min. Direção: Steve Miner. Com Gérard Depardieu, Katherine Heigi. Adolescente mimada, passando férias com o pai, faz o que pode e o que não pode para comover o jovem bonitão a quem paquera. Entre outras, inventar histórias que transformam o pai em amante violento. O pai se vê obrigado a cooperar com essas histórias.

O Trapalhão e a Luz Azul
Globo, 16h10.

Brasil, 99. Direção: Paulo Aragão e Alexandre Boury. Com Renato Aragão, Dedé Santana. A base é um conto dos irmãos Grimm. Na prática, Didi é, como sempre, ajudante de alguém. Ele vai a uma Arábia de conto de fadas para libertar bela princesa das mãos do vizir malvado com quem deve casar.

X-Men - O Filme
Globo, 22h10.

(X-Men). EUA, 2000. Direção: Bryan Singer. Com Patrick Stewart, Ian McKellen. No futuro, grupo de mutantes dotados de superpoderes rebelam-se e tentam dominar o mundo. Filme bom para justificar a frase de Louis Skorecki, segundo a qual mutantes são uma das idéias mais cretinas jamais criadas.

Assassinato Perfeito
Globo, 1h30.

(In Her Defense). Canadá, 1998, 94 min. Direção: Sidney J. Furie. Com Marlee Matlin, Michael Dudiko, Daniel Pilon. Matlin é uma deficiente que seduz um jovem advogado e o induz a ajudá-la a matar o marido, depois que este os flagra juntos. Para completar, no tribunal o amante assumirá a culpa. Ainda haverá surpresas, mas não espere que elas venham da direção de Furie. Filme escolhido na sessão "Intercine".

Segredos do Passado
Globo, 3h15.

(Deadly Family Secrets). EUA, 95, 95 min. Direção: Richard T. Heffron. Com Loni Anderson, Greg Evigan. Ao voltar à sua cidade, a executiva Loni Anderson testemunha um assassinato. Não só isso: esse é o ato que abre um baú familiar meio assombrado. Feito para TV. (IA)


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