BRUNO GHETTI
DA REDAÇÃO

Nesses tempos em que São Paulo é o centro das festas, o pesquisador musical Assis Ângelo resolveu dedicar-se a uma tarefa curiosa: descobrir qual músico da MPB compôs mais canções tendo a capital paulista como tema. O estudo concluiu que quem mais cantou a cidade é baiano de nascimento, e paulistano por opção, Tom Zé.
Nada mais justo que seja Tom Zé, então, o artista convidado para participar de uma apresentação chamada "Celebrando São Paulo", que acontece hoje, às 19h, no Sesc Carmo.
O show -ainda uma comemoração dos 450 anos da cidade- é formado por um repertório -é claro- de músicas sobre São Paulo. O compositor, de 67 anos, cantará, entre outras, "Musas Corintianas", "Interlagos F1" e "A Briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel", além das inevitáveis "Augusta, Angélica, Consolação" e "São São Paulo, Meu Amor", esta última, uma de suas composições preferidas.
""São São Paulo" foi composta logo que cheguei aqui; afetivamente, é bem forte a presença dela na minha carreira", conta Tom Zé. "Foi com essa música que eu ganhei um festival da Record", afirma.

Show
Acompanhado de Sérgio Caetano ao violão, o compositor se apresenta em um dos poucos shows do qual participa na efeméride paulistana -o outro aconteceria no sábado, no evento comandado por Caetano Veloso na esquina das avenidas São João e Ipiranga.
Tom Zé também diz que, em São Paulo, sempre foi bem tratado. "Carinho e colo de mãe nunca fizeram mal e a cidade onde vivo é a minha mãe."

Desigual
Indagado sobre o que tanto inspira na cidade para ter criado tanto, responde: "São Paulo, tão desigual, é uma provocação. Permite uma certa reclusão, um recolhimento que facilita trabalhos "ensimesmantes" como o meu, de escritores, compositores".
E acrescenta: "São Paulo não me deixa quieto, me cutuca com temas novos e bons com muita freqüência. Gostei de saber que sou o compositor com mais obras tematizando a cidade. Ora, viva!".