São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

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Cinema Tocado volta em versão intimista e atmosfera nordestina

DA SUCURSAL DO RIO

Realizado na praia de Copacabana entre 2000 e 2003, o projeto Cinema Tocado voltou anteontem ao calendário carioca em versão intimista e clima nordestino. A trilha de "O Auto da Compadecida", de Guel Arraes, foi executada pelo grupo pernambucano Sa Grama no Espaço Sesc, um teatro também em Copacabana.
A primeira fase do projeto termina hoje, às 19h30, com DJ Dolores tocando a trilha de "Narradores de Javé", de Eliane Caffé. Ontem, Carlos Malta e Pife Muderno interpretaram músicas de "Eu Tu Eles", de Andrucha Waddington, dentre outras.
"A idéia não é se restringir às trilhas, até porque várias são muito incidentais e podem não funcionar tão bem em shows. São apresentações inspiradas na temática dos filmes", explica Ana Luisa Marinho, curadora do Cinema Tocado ao lado do músico Marcos Souza.
Os shows se transformarão em DVDs duas vezes. Em um mês, em versões de 26 minutos que serão exibidas antes dos filmes correspondentes no CineSesc, caminhão-cinema que faz sessões em cidades do Estado do Rio.
Em um segundo momento, serão mais abrangentes, tanto no tempo quanto no espaço: os DVDs terão a íntegra dos shows e mais informações sobre músicos e trilhas. Ganharão distribuição nacional por meio do recém-lançado selo Sesc.
Segundo Ana Luisa Marinho, outros seis blocos de três shows cada um acontecerão até o fim do ano. Depois da abertura nordestina, o Rio deverá ser a base do segundo bloco, em março ou abril.
"Já estão previstos "Bossa Nova", do Bruno Barreto, e "Copacabana", da Carla Camurati. Aí há inúmeras opções para se fazer os shows a partir das trilhas", afirma a curadora.

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A abertura da versão 2005 do projeto surpreendeu boa parte das cerca de 300 pessoas que estiveram, anteontem, no Espaço Sesc. Embora já tenha gravado cinco discos, sendo um deles a trilha do bem-sucedido "O Auto da Compadecida" (2,1 milhões de espectadores só no cinema), o Sa Grama continua pouquíssimo conhecido no eixo Rio-São Paulo.
Batizado com um nome hindu dado à escala de sete notas, o grupo é formado por nove músicos que unem suas formações eruditas a gêneros tradicionais do Nordeste, como o frevo, o coco, o maracatu, e outros menos conhecidos, como o cavalo-marinho.
"Cavalo-marinho é um folguedo tocado com extrema velocidade", disse à platéia Sérgio Campelo, professor de música que, em 1995, decidiu formar o Sa Grama com alguns de seus alunos.
O grupo vai muito além da mera reprodução das tradições do Nordeste graças a instrumentações complexas, valendo-se de xilofone, marimba, percussões, flautas, clarinete, clarone, violões, violas e contrabaixo.
Além de tocar composições próprias -especialmente de Campelo e do violonista Cláudio Moura- o grupo apresentou temas de autores importantes de Pernambuco, mas pouco conhecidos aqui, como Lourival Oliveira e Dimas Sedícias.
(LFV)


CINEMA TOCADO -DJ DOLORES. Quando: hoje, às 19h30. Onde: Espaço Sesc (rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/ 21/2547-0156). Quanto: entrada franca.


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