São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Música

Sem barulho, Kassin faz bossa, rock e guitarrada

Com Moreno e Domenico, o produtor lança "Futurismo", que já saiu no Japão

Músico diz que preferiu manter a sonoridade do +2 a aprofundar o experimentalismo do projeto Artificial


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na concepção do músico e produtor Alexandre Kassin, 32, o futuro são canções singelas, quase sussurradas sobre uma mistura de bossa nova, rock, samba, guitarrada, tecnobrega e eletrônica. Essa é a idéia que ele materializa em "Futurismo", disco que acaba de ser lançado sob o codinome Kassin+2.
Os outros dois são Moreno Veloso e Domenico, parceiros que estrearam em 2000, com o álbum Moreno+2, seguiram em frente com Domenico+2, e eram cobrados insistentemente, por admiradores, a encerrar logo a trilogia.
A cobrança tem um porquê. Kassin é um dos mais badalados produtores do momento. Por suas mãos, já passaram músicas de Caetano Veloso -nunca é demais lembrar, o pai de Moreno-, Los Hermanos, Marisa Monte e Lenine, entre outros. Para completar, em 2005 ele surpreendeu ao inventar o projeto Artificial, no qual fez um CD inteiro, o "Free U.S.A.", utilizando os sons tirados de um jogo Game Boy.
O inusitado é que, depois de tão radical, ele opte por voltar ao básico. "Na verdade, a coisa mais experimental que eu poderia fazer agora era um disco de canções sério, sem muito barulho", explica Kassin.
"Muitas pessoas conhecem as coisas que faço por ser produtor, e talvez achem que essa função seja a de colocar vários barulhos", afirma. "Não queria que houvesse muita maquiagem em cima disso."
E assim é em "Futurismo", trabalho no qual assume os vocais em músicas com participações de artistas como João Donato, Adriana Calcanhotto, Los Hermanos e Jorge Mautner.

Desafio
Para um ex-roqueiro -ele era do grupo Acabou la Tequila- que domina os botões, o que pode ser mais difícil de fazer num CD? "Cantar", diz.
"Tinha a idéia de como queria o disco, mas é um tipo de música que nunca passou pela minha cabeça cantar", descreve. "O mais difícil foi me acostumar com a idéia de interpretar sobre o que tinha proposto."
O plano, no caso, era dar continuidade à sonoridade do +2, que estreou tímido, com Moreno, descambou para o experimentalismo, com Domenico, e, agora, faz um balanço entre um e outro.
Em "Futurismo", os vocais têm uma levada bossa nova, algo de samba, de rock, pop, eletrônica, grooves e até de tecnobrega, como na faixa "Água". "Ela está entre a guitarrada e o tecnobrega. A idéia era fazer uma parada que fosse uma visão da gente da música paraense", fala Kassin.
"Lá [no Pará] está acontecendo um movimento cultural muito importante para o país e que poucas pessoas se deram conta. Um momento que há muito tempo o Brasil não tinha", acredita o produtor.
De resto, ainda que se enquadre na MPB, Kassin garante que "Futurismo" é o disco de um roqueiro. "Por mais que eu me relacione com a MPB, isso sempre terá um ponto de vista de quem ouve e faz rock. É o rock em cima de coisas suaves."
Lançado primeiro no Japão, como os outros dois álbuns do trio, o CD é o último em que eles destacam o nome de um integrante. O próximo, será apenas +2: "Desde que a gente começou a fazer a trilogia, os shows têm sido cada vez mais de grupo" fala Kassin. "Como as pessoas conhecem os álbuns, é muito difícil tocar as músicas de um disco só. Tende a ser cada vez mais sob o nome da banda mesmo."


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