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Música
Sem barulho, Kassin faz bossa, rock e guitarrada
Com Moreno e Domenico, o produtor lança "Futurismo", que já saiu no Japão
Músico diz que preferiu manter a sonoridade do +2 a aprofundar o
experimentalismo do projeto Artificial
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na concepção do músico e
produtor Alexandre Kassin, 32,
o futuro são canções singelas,
quase sussurradas sobre uma
mistura de bossa nova, rock,
samba, guitarrada, tecnobrega
e eletrônica. Essa é a idéia que
ele materializa em "Futurismo", disco que acaba de ser lançado sob o codinome Kassin+2.
Os outros dois são Moreno
Veloso e Domenico, parceiros
que estrearam em 2000, com o
álbum Moreno+2, seguiram em
frente com Domenico+2, e
eram cobrados insistentemente, por admiradores, a encerrar
logo a trilogia.
A cobrança tem um porquê.
Kassin é um dos mais badalados produtores do momento.
Por suas mãos, já passaram
músicas de Caetano Veloso
-nunca é demais lembrar, o pai
de Moreno-, Los Hermanos,
Marisa Monte e Lenine, entre
outros. Para completar, em
2005 ele surpreendeu ao inventar o projeto Artificial, no
qual fez um CD inteiro, o "Free
U.S.A.", utilizando os sons tirados de um jogo Game Boy.
O inusitado é que, depois de
tão radical, ele opte por voltar
ao básico. "Na verdade, a coisa
mais experimental que eu poderia fazer agora era um disco
de canções sério, sem muito barulho", explica Kassin.
"Muitas pessoas conhecem
as coisas que faço por ser produtor, e talvez achem que essa
função seja a de colocar vários
barulhos", afirma. "Não queria
que houvesse muita maquiagem em cima disso."
E assim é em "Futurismo",
trabalho no qual assume os vocais em músicas com participações de artistas como João Donato, Adriana Calcanhotto, Los
Hermanos e Jorge Mautner.
Desafio
Para um ex-roqueiro -ele
era do grupo Acabou la Tequila- que domina os botões, o
que pode ser mais difícil de fazer num CD? "Cantar", diz.
"Tinha a idéia de como queria o disco, mas é um tipo de
música que nunca passou pela
minha cabeça cantar", descreve. "O mais difícil foi me acostumar com a idéia de interpretar sobre o que tinha proposto."
O plano, no caso, era dar continuidade à sonoridade do +2,
que estreou tímido, com Moreno, descambou para o experimentalismo, com Domenico, e,
agora, faz um balanço entre um
e outro.
Em "Futurismo", os vocais
têm uma levada bossa nova, algo de samba, de rock, pop, eletrônica, grooves e até de tecnobrega, como na faixa "Água".
"Ela está entre a guitarrada e o
tecnobrega. A idéia era fazer
uma parada que fosse uma visão da gente da música paraense", fala Kassin.
"Lá [no Pará] está acontecendo um movimento cultural
muito importante para o país e
que poucas pessoas se deram
conta. Um momento que há
muito tempo o Brasil não tinha", acredita o produtor.
De resto, ainda que se enquadre na MPB, Kassin garante
que "Futurismo" é o disco de
um roqueiro. "Por mais que eu
me relacione com a MPB, isso
sempre terá um ponto de vista
de quem ouve e faz rock. É o
rock em cima de coisas suaves."
Lançado primeiro no Japão,
como os outros dois álbuns do
trio, o CD é o último em que
eles destacam o nome de um
integrante. O próximo, será
apenas +2: "Desde que a gente
começou a fazer a trilogia, os
shows têm sido cada vez mais
de grupo" fala Kassin. "Como
as pessoas conhecem os álbuns,
é muito difícil tocar as músicas
de um disco só. Tende a ser cada vez mais sob o nome da banda mesmo."
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