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VÍDEO LANÇAMENTOS
Chegam às locadoras "Todos a Bordo" e
"Assassino(s)", os novos filmes dos polêmicos
diretores Spike Lee e Mathieu Kassovitz
"Todos a
Bordo", mais
um filme de
Spike Lee
lançado
diretamente
em vídeo
Mathieu Kassovitz (à esq.) e Michel Serrault em cena do filme "Assassino (s)", que sai em vídeo no Brasil
Kassovitz retrata morte como ofício
da Equipe de Articulistas
Mathieu Kassovitz surgiu para o
mundo em 1995 como uma das
grandes promessas do cinema
francês, com o contundente "O
Ódio".
Seu segundo longa-metragem,
"Assassino(s)", frustrou, entretanto, a expectativa geral da crítica
e do público.
O filme retoma o mesmo argumento de um curta-metragem anterior do cineasta, "Assassino": o
relacionamento entre um velho
assassino profissional e o jovem
que escolheu como discípulo.
No longa "Assassino(s)", o velho matador é o melancólico sr.
Wagner, interpretado pelo veterano Michel Serrault, e seu discípulo
é o desorientado Max, encarnado
pelo próprio Kassovitz.
Apesar do bom ponto de partida
e da inegável competência do cineasta (que também fez a montagem) na escolha dos enquadramentos, na relação com a música e
na manutenção do ritmo, o filme é
de um vazio aterrador.
Talvez a intenção do diretor seja,
pelo menos parcialmente, essa
mesmo: a de expressar o vácuo
moral e existencial contemporâneo de uma maneira igualmente
exangue e sem nervo.
O problema é que nada parece de
verdade em "Assassino(s)" -e
nem se descola o suficiente do naturalismo a ponto de configurar
uma estilização "conceitual".
O sr. Wagner fala de seu ofício
como de um artesanato requintado e regido por severos princípios
morais, mas, na hora de matar, age
como um açougueiro.
Max, um marmanjo meio abobalhado, que aos 25 anos ainda
mora com a mãe costureira, salta
inexplicavelmente dos pequenos
furtos para os assassinatos brutais.
A maneira como um se liga ao
outro, as mudanças súbitas de atitude e de temperamento dos dois,
tudo contribui para a sensação de
um filme em que se caprichou na
técnica, mas se avacalhou na dramaturgia.
O que resta é pose -uma atmosfera "cool" que termina por glamourizar o mundo besta dos personagens- e um indisfarçado
narcisismo do diretor-protagonista, focalizado em close em metade
dos planos.
A única linha interpretativa que
se distingue nas relações entre o
veterano e os aprendizes (porque
depois surge outro, mais jovem e
mais estúpido) é a de que se perderam noções como orgulho profissional e senso de responsabilidade,
substituídas pela vulgar atração
pelo dinheiro e pelo consumo.
E daí? O que quer Kassovitz, afinal? Lamentar o fim do velho e
bom assassino à moda antiga? Criticar a vulgarização geral do mundo e a desorientação da juventude?
Se isso não fica claro, não é por
excesso de sutileza. Na falta de
uma idéia nova, o diretor aponta
todas as suas baterias contra a televisão, entidade onipresente no filme. A televisão imbeciliza, nos diz
ele em cada plano.
Ótimo. Agora só falta fazer um
filme para mostrar que a água molha e o fogo queima.
(JGC)
Filme: Assassino(s)
Produção: França, 1996
Direção: Mathieu Kassovitz
Com: Mathieu Kassovitz, Michel Serrault
Lançamento: Abril Vídeo (tel.
0800-120199)
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