São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Livro revê história de Marilyn e JFK

"Cada diálogo, cada situação, tudo foi documentado", diz autor, que quis montar "peças" das vidas da estrela e do político

Francês, crítico da "Nouvel Observateur", tenta fazer leitura diferente de história "que todo mundo conhece, mas ninguém conhece"

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Do saco sem fundo de assuntos que a breve existência de Marilyn Monroe já proporcionou aos curiosos -incluindo, nos últimos anos, um romance sobre sua estranha relação com o terapeuta e uma série de fotos em que aparece nua-, sai agora a biografia "Marilyn & JFK".
E seu autor, o francês François Forestier, nem tenta ir muito mais longe que seus pares no escrutínio da vida da atriz, morta aos 36, em 1962, por overdose de barbitúricos. A obra, lançada pela Objetiva, quer apenas ser o "primeiro relato completo da história de amor entre o maior símbolo sexual de Hollywood e o presidente americano", como informa o material de divulgação. Crítico de cinema da "Nouvel Observateur", Forestier diz que partiu de seus "quase 40 anos de cobertura de Hollywood", com entrevistas com diretores como John Huston e Billy Wilder, e da leitura de tudo o que se registrou sobre a estrela e o político para contar "uma história que todo mundo conhece, mas ninguém conhece [o caso de alguns anos que eles tiveram]".
"Fiquei impressionado por essa história nunca ter sido narrada. Uma vez que você faz uma linha do tempo, batendo fatos da vida do JFK com a dela, o resto vem. Demorei para conseguir concluir isso", afirma o autor, sobre os pontos coincidentes das duas trajetórias. A narração no presente, numa tentativa de trama noir, resulta em um tom duvidoso de reportagem de tabloide. Forestier, porém, diz não ter "inventado nada, nunca" (ele descreve até pensamentos, como o mantra "primeira-dama", que estaria sempre na mente da loira...). "Cada diálogo, cada situação, tudo foi documentado. Marilyn e JFK estavam constantemente sob algum tipo de vigilância -FBI, CIA, máfia e por aí vai.
Todos os diálogos que usei, ou situações que descrevi, foram reportados por testemunhas. Se você começa a criar histórias, perde a credibilidade."

Biografias "suspeitas"
Pelo mesmo motivo, boatos e biografias "que pareciam suspeitas", como as assinadas por Donald Wolfe e Robert Slatzer, foram rejeitados como fontes.
"Agora, eu tenho um ponto de vista, e todo o retrato que faço é esse meu ponto de vista, que com certeza colore a história."
Assim, Marilyn aparece não como a mulher inteligente que outros biógrafos pintam. Pelo livro, ela é "manipuladora", além de insuportável o bastante para levar Wilder a dizer que ele merecia uma "medalha como a que se dá aos gravemente feridos na guerra" por tê-la dirigido duas vezes. JFK surge como uma "criança mimada" que, na vida pessoal, não sabia o significado da palavra ética.
Não faltam pormenores sobre momentos como o assassinato de John F. Kennedy, em 1963, e o clássico "Happy Birthday, Mr. President" entoado pela atriz no 45º aniversário dele. A teoria conspiratória que liga a morte dela ao affair, no entanto, é desmentida -Marilyn, avalia o biógrafo, era uma suicida em potencial.


MARILYN & JFK

Autor: François Forestier
Tradução: Jorge Bastos
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 33 (216 págs.)



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