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Livro revê história de Marilyn e JFK
"Cada diálogo, cada situação, tudo foi documentado", diz autor, que quis montar "peças" das vidas da estrela e do político
Francês, crítico da "Nouvel Observateur", tenta fazer leitura diferente de história "que todo mundo conhece, mas ninguém conhece"
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Do saco sem fundo de assuntos que a breve existência de
Marilyn Monroe já proporcionou aos curiosos -incluindo,
nos últimos anos, um romance
sobre sua estranha relação com
o terapeuta e uma série de fotos
em que aparece nua-, sai agora
a biografia "Marilyn & JFK".
E seu autor, o francês François Forestier, nem tenta ir
muito mais longe que seus pares no escrutínio da vida da
atriz, morta aos 36, em 1962,
por overdose de barbitúricos. A
obra, lançada pela Objetiva,
quer apenas ser o "primeiro relato completo da história de
amor entre o maior símbolo sexual de Hollywood e o presidente americano", como informa o material de divulgação.
Crítico de cinema da "Nouvel
Observateur", Forestier diz que
partiu de seus "quase 40 anos
de cobertura de Hollywood",
com entrevistas com diretores
como John Huston e Billy Wilder, e da leitura de tudo o que se
registrou sobre a estrela e o político para contar "uma história
que todo mundo conhece, mas
ninguém conhece [o caso de alguns anos que eles tiveram]".
"Fiquei impressionado por
essa história nunca ter sido
narrada. Uma vez que você faz
uma linha do tempo, batendo
fatos da vida do JFK com a dela,
o resto vem. Demorei para conseguir concluir isso", afirma o
autor, sobre os pontos coincidentes das duas trajetórias.
A narração no presente, numa tentativa de trama noir, resulta em um tom duvidoso de
reportagem de tabloide. Forestier, porém, diz não ter "inventado nada, nunca" (ele descreve
até pensamentos, como o mantra "primeira-dama", que estaria sempre na mente da loira...).
"Cada diálogo, cada situação,
tudo foi documentado. Marilyn
e JFK estavam constantemente sob algum tipo de vigilância
-FBI, CIA, máfia e por aí vai.
Todos os diálogos que usei, ou
situações que descrevi, foram
reportados por testemunhas.
Se você começa a criar histórias, perde a credibilidade."
Biografias "suspeitas"
Pelo mesmo motivo, boatos e
biografias "que pareciam suspeitas", como as assinadas por
Donald Wolfe e Robert Slatzer,
foram rejeitados como fontes.
"Agora, eu tenho um ponto de
vista, e todo o retrato que faço é
esse meu ponto de vista, que
com certeza colore a história."
Assim, Marilyn aparece não
como a mulher inteligente que
outros biógrafos pintam. Pelo
livro, ela é "manipuladora",
além de insuportável o bastante para levar Wilder a dizer que
ele merecia uma "medalha como a que se dá aos gravemente
feridos na guerra" por tê-la dirigido duas vezes. JFK surge
como uma "criança mimada"
que, na vida pessoal, não sabia o
significado da palavra ética.
Não faltam pormenores sobre momentos como o assassinato de John F. Kennedy, em
1963, e o clássico "Happy Birthday, Mr. President" entoado
pela atriz no 45º aniversário
dele. A teoria conspiratória que
liga a morte dela ao affair, no
entanto, é desmentida -Marilyn, avalia o biógrafo, era uma
suicida em potencial.
MARILYN & JFK
Autor: François Forestier
Tradução: Jorge Bastos
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 33 (216 págs.)
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