São Paulo, quinta, 26 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTRONOMIA
A escritora Patricia Wells e outros profissionais radicados na França estão no maior evento "gourmet' do país
"Franceses" tomam conta do Boa Mesa 98

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Patricia Wells, que ministra duas aulas no Boa Mesa 98, festa da gastronomia que acontece em SP


CRISTIANA COUTO
especial para a Folha

O Boa Mesa deste ano reforçou em grande estilo sua ala francesa. A maratona culinária, que acontece entre 7 e 10 de maio no Centro Têxtil, em São Paulo, traz cinco estrelas de Paris, a capital mundial da gastronomia.
As mais esperadas vêm diretamente da Le Cordon Bleu, a centenária escola francesa. Laurent Duchêne e Jean Claude Boucheret darão, respectivamente, aulas especiais de confeitaria e cozinha.
"É a primeira vez que professores saem da Cordon Bleu para um evento", afirma Josimar Melo, organizador do evento e crítico gastronômico da Folha.
Entre os confeiteiros franceses, Philippe Givre, da tradicional loja Fauchon, em Paris, é um ícone da boa mesa clássica. Mais moderna, a confeiteira Mari Hirata -brasileira radicada em Paris- utiliza técnicas atuais, como as japonesas, nas massas doces que prepara.
A quinta personalidade do evento é uma raridade no seleto grupo de jornalistas gastronômicos que atuam em Paris: é norte-americana, mas se deu bem na França trabalhando com gastronomia. Patricia Wells foi a primeira mulher -além de estrangeira- a fazer críticas da culinária francesa no semanário "L"Express".
Autora de sete livros sobre gastronomia, ela ficou conhecida dos brasileiros em 1994, ao autografar seu livro "Cozinha de Bistrô" em São Paulo.
Agora, a paixão de Wells pela cozinha mediterrânea poderá ser degustada em duas aulas do Boa Mesa. Ou apreciada no livro que a Ediouro lança durante a Bienal Internacional do Livro, em abril.
"Patricia Wells em Casa - A Culinária da Provença" reúne cerca de 170 receitas que retratam a cultura provençal pelas mãos da autora: são pratos criados em sua casa de campo em Provença, no sul da França, ao cozinhar para os amigos e a família.
Tudo isso nos intervalos entre seus artigos para o "International Herald Tribune". Leia os principais trechos de entrevista concedida à Folha por e-mail (correio eletrônico), de Paris.

Folha - Qual sua opinião sobre as mudanças na cozinha francesa?
Patricia Wells -
Cheguei a França em 1980, a melhor época da nouvelle cuisine. Mesmo que hajam algumas críticas, como porções pequenas, apresentação exagerada, pouca técnica e falta de profissionais experientes, a nouvelle cuisine trouxe novos ares à cozinha francesa.
Ela foi responsável por vários dos melhores chefs atuais, como Joel Robuchon, Guy Savoy e Fredy Girardet, e deu o empurrão para que a culinária clássica e séria se tornasse moderna, pessoal e planejada, em que o ingrediente é o que manda.
Folha - O que a atraiu na cozinha italiana para escrever "Trattoria"?
Wells -
Embora vivendo nos EUA, cresci numa grande família italiana, às voltas com comidas deliciosas. Depois do sucesso do meu livro "Cozinha de Bistrô", pareceu-me natural partir para os bistrôs da Itália, as tratorias.
Folha - Como você compara a cozinha italiana à francesa?
Wells -
A cozinha italiana é fácil de se amar, porque é simples. Mas para um amor mais duradouro prefiro a cozinha francesa, por ser complexa e profunda. É como ter dois melhores amigos.
Folha - O que você vai apresentar nas duas aulas do Boa Mesa?
Wells -
Uma das aulas será sobre aperitivos para reuniões. Acho que as pessoas que cozinham em casa nunca têm receitas suficientes em seu repertório. Vou ensinar salmão defumado, crocante de anchovas e pissaladière (espécie de pizza provençal). A outra será sobre a evolução do uso do azeite de oliva na França.
Folha - Qual o tema do livro que você vai lançar durante o evento?
Wells -
"Patricia Wells em Casa - A Culinária da Provença" é uma coleção dos pratos que faço para minha família e amigos, em nossa casa na Provença. Melhor do que escrever sobre o que os outros cozinham -a base de meus livros- é falar sobre minha filosofia culinária e as comidas de que gosto.
Folha - O que te interessou na cozinha mediterrânea para fazê-la escrever um livro?
Wells -
Os ingredientes: todas as frutas, vegetais, carnes (cordeiro, a galinha caipira, cabrito), queijos de leite de cabra...



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.