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"A MÚSICA E O SILÊNCIO"
Filme se inspirou em artigo de jornal
ADRIANE GRAU
em San Francisco
Sentada na platéia do Shrine Auditorium há um ano, a diretora alemã Caroline Link sabia que a estatueta de melhor filme estrangeiro
dificilmente iria parar em suas
mãos.
A disputa tinha como favoritos o
brasileiro "O Que É Isso, Companheiro?" e o holandês "Caráter",
que acabou levando o Oscar naquele ano.
Seu "A Música e o Silêncio", no
entanto, já havia cumprido uma
bem-sucedida carreira internacional, acumulando prêmios nos festivais de Tóquio, Chicago e Bavária.
O sucesso de "A Música e o Silêncio" nas telas alemãs colocou na
pauta do dia os direitos dos surdos-mudos naquele país. Novas
leis que reconhecem a linguagem
de sinais com as mãos estavam
sendo elaboradas.
"Quando eu fiz o filme, descobri
que as escolas alemãs forçavam as
crianças a ler os lábios", revelou a
diretora em entrevista à Folha.
"Ao invés de poderem se comunicar livremente usando a linguagem universal dos surdos-mudos,
tinham que apenas escutar o que
os outros lhes diziam."
Para contar a história da menina
Lara, que fala e escuta normalmente, mas tem pais surdos-mudos, a
diretora buscou atores com deficiência auditiva.
"Descobri que na Alemanha não
há atores surdos-mudos profissionais", disse ela.
O ator Howie Seago, que faz o papel de pai, é americano, e Emamnuelle Laborit, que interpreta a
mãe, é francesa. Um intérprete inglês-francês-surdo-mudo teve que
ser contratado durante as filmagens.
Caroline Link, cuja carreira inclui vários programas de televisão
na Alemanha, teve inspiração para
escrever o roteiro do filme em
1992, quando visitava uma amiga
em Los Angeles.
"Li um artigo de jornal sobre
uma menina que podia falar e escutar, mas que tinha pais surdos-mudos", diz ela.
"Encantei-me com a idéia de ela
ser uma pequena embaixadora dos
próprios pais pelo mundo afora,
em assuntos mundanos como ir ao
banco, à reunião da escola e atender o telefone."
Após ler o artigo, Caroline imediatamente mudou sua passagem
de volta para Munique, onde vive e
passou três meses aprendendo a
linguagem dos surdos-mudos, indo a peças de teatro com atores
surdos-mudos e observando a vida
de seus novos amigos deficientes.
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