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"LES MISÉRABLES"
Protagonistas de NY têm mais experiência e idade que brasileiros
Só elenco difere produção brasileira da americana
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Na impossibilidade de mudanças na concepção da montagem
original, as variações do "Les Misérables" brasileiro para o americano repousam, obviamente, no
que lhes sustentam em carne e osso: os intérpretes.
O trio protagonista em cartaz
no Imperial Theatre, na Broadway, o corredor dos megamusicais nos Estados Unidos, é formado por atores calejados no gênero.
No palco do teatro Abril, em São
Paulo, no qual o espetáculo estréia hoje para o público em geral,
os intérpretes de Jean Valjean, Javert e Fantine têm a chance de encarar os primeiros grandes papéis
de suas vidas, no país, naquela
que é, também, a maior produção
do gênero por aqui, orçada em
US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 7
milhões).
J. Mark McVey interpreta o papel de Valjean desde 1991 na produção americana paralela que
percorre outros Estados. Era um
dos swingers, ou suplentes, até ser
efetivado. Nesse intervalo, atuou
ainda em Londres e retornou à
produção de Nova York em março do ano passado.
McVey, 43, cerca de 18 anos de
carreira, atribui o sucesso de "Les
Misérables" -há 16 anos em cartaz em Londres e há 14 em Nova
York- ao "amor incondicional"
que seu personagem emana na
história de Victor Hugo.
Para ele, o personagem que é
condenado por roubar um pedaço de pão e passa 19 anos na cadeia tem aura de mártir. O Valjean brasileiro é interpretado por
Marcos Tumura, 33, que nasceu
em Sorocaba (SP) e viveu no Rio
desde os dois anos. O ator e bailarino estudou canto nos EUA e já
atuou em musicais como "Nas
Raias da Loucura".
Seu maior desafio, afirma, é
transmitir a densidade do personagem, o primeiro da carreira
com ênfase no registro dramático.
O americano Shuler Hensley faz
o papel do vilão Javert. Vilão, vírgula, porque acredita que esse é o
ponto de vista do público, num
primeiro momento. "Ao longo do
espetáculo, se desenha um personagem com caráter, que apenas
deseja fazer cumprir a lei", afirma
Hensley, 34, barítono.
Também com formação em
canto lírico, o brasiliense Saulo
Vasconcelos, 27, conquistou o papel de Javert nas audições para
"Les Misérables". Ele também
discorda da máscara vilã que comumente se coloca no inspetor
Javert (este gruda no calcanhar de
Valjean numa caçada de gato e rato que dura décadas na França do
início do século 19).
No currículo, Vasconcelos traz
participação na montagem mexicana de "O Fantasma da Ópera".
Talvez a mais emblemática distinção entre intérpretes de Nova
York e São Paulo esteja no papel
de Fantine, a mulher redentora
que abdica da vida para salvar a filha e para a qual se aproxima o
pêndulo mais melodramático.
A atriz americana Jane Bodle fez
o papel de Cosette adulta há 14
anos, quando "Les Mis" estreou
na Broadway, afastou-se anos depois e retornou ao elenco dois
anos atrás para fazer Fantine.
Depois de atuar em musicais
brasileiros como "Rent", Alessandra Maestrini, atriz e cantora soprano, assume o papel da protagonista. "Seus sonhos morrem
antes de ela morrer", diz.
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da produção de "Les Misérables"
LES MISÉRABLES - Peça de Alain Boublil
e Claude-Michel Schönberg, baseada no
romance de Victor Hugo. Direção: Ken
Caswell. Diretor-residente: Helzer de
Abreu. Diretor musical: Marconi Araújo.
Teatro Abril (av. Brigadeiro Luís Antônio,
411, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3191-0011).
Estréia hoje, às 20h30. Qua. a sex., às
20h30; sáb., às 17h e 22h; dom., às 18h.
de R$ 20 a R$ 120.
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