São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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"LES MISÉRABLES"

Protagonistas de NY têm mais experiência e idade que brasileiros


Só elenco difere produção brasileira da americana

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Na impossibilidade de mudanças na concepção da montagem original, as variações do "Les Misérables" brasileiro para o americano repousam, obviamente, no que lhes sustentam em carne e osso: os intérpretes.
O trio protagonista em cartaz no Imperial Theatre, na Broadway, o corredor dos megamusicais nos Estados Unidos, é formado por atores calejados no gênero. No palco do teatro Abril, em São Paulo, no qual o espetáculo estréia hoje para o público em geral, os intérpretes de Jean Valjean, Javert e Fantine têm a chance de encarar os primeiros grandes papéis de suas vidas, no país, naquela que é, também, a maior produção do gênero por aqui, orçada em US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 7 milhões).
J. Mark McVey interpreta o papel de Valjean desde 1991 na produção americana paralela que percorre outros Estados. Era um dos swingers, ou suplentes, até ser efetivado. Nesse intervalo, atuou ainda em Londres e retornou à produção de Nova York em março do ano passado.
McVey, 43, cerca de 18 anos de carreira, atribui o sucesso de "Les Misérables" -há 16 anos em cartaz em Londres e há 14 em Nova York- ao "amor incondicional" que seu personagem emana na história de Victor Hugo.
Para ele, o personagem que é condenado por roubar um pedaço de pão e passa 19 anos na cadeia tem aura de mártir. O Valjean brasileiro é interpretado por Marcos Tumura, 33, que nasceu em Sorocaba (SP) e viveu no Rio desde os dois anos. O ator e bailarino estudou canto nos EUA e já atuou em musicais como "Nas Raias da Loucura".
Seu maior desafio, afirma, é transmitir a densidade do personagem, o primeiro da carreira com ênfase no registro dramático.
O americano Shuler Hensley faz o papel do vilão Javert. Vilão, vírgula, porque acredita que esse é o ponto de vista do público, num primeiro momento. "Ao longo do espetáculo, se desenha um personagem com caráter, que apenas deseja fazer cumprir a lei", afirma Hensley, 34, barítono.
Também com formação em canto lírico, o brasiliense Saulo Vasconcelos, 27, conquistou o papel de Javert nas audições para "Les Misérables". Ele também discorda da máscara vilã que comumente se coloca no inspetor Javert (este gruda no calcanhar de Valjean numa caçada de gato e rato que dura décadas na França do início do século 19).
No currículo, Vasconcelos traz participação na montagem mexicana de "O Fantasma da Ópera".
Talvez a mais emblemática distinção entre intérpretes de Nova York e São Paulo esteja no papel de Fantine, a mulher redentora que abdica da vida para salvar a filha e para a qual se aproxima o pêndulo mais melodramático.
A atriz americana Jane Bodle fez o papel de Cosette adulta há 14 anos, quando "Les Mis" estreou na Broadway, afastou-se anos depois e retornou ao elenco dois anos atrás para fazer Fantine.
Depois de atuar em musicais brasileiros como "Rent", Alessandra Maestrini, atriz e cantora soprano, assume o papel da protagonista. "Seus sonhos morrem antes de ela morrer", diz.
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da produção de "Les Misérables"



LES MISÉRABLES - Peça de Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, baseada no romance de Victor Hugo. Direção: Ken Caswell. Diretor-residente: Helzer de Abreu. Diretor musical: Marconi Araújo. Teatro Abril (av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3191-0011). Estréia hoje, às 20h30. Qua. a sex., às 20h30; sáb., às 17h e 22h; dom., às 18h. de R$ 20 a R$ 120.



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