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"Bienal do Vazio" terá até 40 artistas
Mostra organizada por Ivo Mesquita já confirmou 29 nomes, entre eles a francesa Sophie Calle e a sérvia Marina Abramovic
Mesmo deixando vago um andar inteiro do pavilhão, próxima Bienal vai reunir 13 artistas brasileiros, quase metade da lista anunciada
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Oi, Ivo, como anda o vazio?",
diz um colecionador ao curador
da 28ª Bienal de São Paulo, Ivo
Mesquita, durante a abertura
da feira SP Arte, no parque Ibirapuera, anteontem. "Estou
tratando de preenchê-lo", retruca. Apesar do título "Em Vivo Contato", dificilmente a
próxima edição da Bienal, programada para ser inaugurada
em 26 de outubro, irá escapar
do apelido de "Bienal do Vazio".
Afinal, 12 mil m2, o segundo andar inteiro do pavilhão da Bienal, estarão desocupados, em
razão da crise pela qual a instituição passa.
Já o plano de ocupação, ao
qual se referia o curador na resposta ao colecionador, envolve,
até o momento, 29 artistas (veja lista completa ao lado), sendo que o total deve chegar a 40.
O primeiro destaque é o grande
número de artistas brasileiros,
13, quase metade dos anunciados. "Ainda estamos acertando
a participação de mais três ou
quatro", diz o curador.
Outro destaque é a presença
de artistas como a francesa Sophie Calle e a sérvia Marina
Abramovic, que realizam trabalhos com questões relacionadas a corpo e identidade. As
duas estarão entre os artistas
que irão ocupar a praça, no térreo, dedicada a ações transitórias como performances, e a
área com um videolounge, no
primeiro andar. Abramovic irá
realizar uma palestra, dentro
de ciclo de conferência, e apresentar a videoinstalação "The
Artist Must Be Beautiful" (a artista deve ser bela).
O térreo é visto pelo curador
como o local onde os debates
acerca da instituição, que podem interessar apenas a especialistas, alcancem também um
público maior: "A idéia da praça é justamente a de abrir um
espaço de encontro das diversidades existentes na malha urbana, a partir de projetos específicos de artistas que ativarão
o espaço do pavilhão durante
os 42 dias da mostra."
No terceiro andar, estarão
artistas que irão trabalhar com
os arquivos da Fundação Bienal de São Paulo, caso de Carla
Zaccagnini e Nicolás Robio, argentinos radicados no Brasil,
ou Mabe Bethônico, que já fizera isso na última Bienal.
Conferências
Mesquita também já definiu
os temas do ciclo de conferências. Ele será composto por
quatro plataformas: o meio artístico brasileiro e as Bienais de
São Paulo; a economia das Bienais; como trabalhar com arquivos; tipologia das Bienais.
Na primeira plataforma, por
exemplo, foram definidas algumas edições das Bienais para
serem examinadas a fundo: as
de 1967 e 1969, quando houve
um boicote à mostra; as de 1981
e 1983, organizadas por Walter
Zanini; a de 1985, conhecida como a "Bienal da Grande Tela",
de Sheila Leirner; a da antropofagia, em 1998, com curadoria
de Paulo Herkenhoff; e "Como
Viver Junto", de 2006, de Lisette Lagnado.
Passaram a fazer da equipe
de Mesquita o jornalista Marcelo Rezende, que cuidará de
um jornal semanal e o site; a
crítica e curadora Luisa Duarte,
que organizará as conferências;
e os arquitetos Felipe Crescenti
e Pedro Mendes da Rocha, que
assinarão a montagem. Já o sul-africano Thomas Mulcaire deixou de fazer parte da curadoria.
"Crise ética"
Em texto recente publicado
na revista trópico (www.uol.
com.br/ tropico), o curador
Paulo Herkenhoff afirma que a
Bienal vive uma "crise ética"
em relação a seus conselheiros.
Mesquita diz que pretende
abordar essa questão durante
os seminários e que "espera
fornecer à instituição um conjunto de recomendações para
uma organização cultural mais
ativa e permanente na vida cultural da cidade, oferecendo outros serviços para além da realização da Bienal de São Paulo".
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