São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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"Bienal do Vazio" terá até 40 artistas

Mostra organizada por Ivo Mesquita já confirmou 29 nomes, entre eles a francesa Sophie Calle e a sérvia Marina Abramovic

Mesmo deixando vago um andar inteiro do pavilhão, próxima Bienal vai reunir 13 artistas brasileiros, quase metade da lista anunciada


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Oi, Ivo, como anda o vazio?", diz um colecionador ao curador da 28ª Bienal de São Paulo, Ivo Mesquita, durante a abertura da feira SP Arte, no parque Ibirapuera, anteontem. "Estou tratando de preenchê-lo", retruca. Apesar do título "Em Vivo Contato", dificilmente a próxima edição da Bienal, programada para ser inaugurada em 26 de outubro, irá escapar do apelido de "Bienal do Vazio". Afinal, 12 mil m2, o segundo andar inteiro do pavilhão da Bienal, estarão desocupados, em razão da crise pela qual a instituição passa.
Já o plano de ocupação, ao qual se referia o curador na resposta ao colecionador, envolve, até o momento, 29 artistas (veja lista completa ao lado), sendo que o total deve chegar a 40. O primeiro destaque é o grande número de artistas brasileiros, 13, quase metade dos anunciados. "Ainda estamos acertando a participação de mais três ou quatro", diz o curador.
Outro destaque é a presença de artistas como a francesa Sophie Calle e a sérvia Marina Abramovic, que realizam trabalhos com questões relacionadas a corpo e identidade. As duas estarão entre os artistas que irão ocupar a praça, no térreo, dedicada a ações transitórias como performances, e a área com um videolounge, no primeiro andar. Abramovic irá realizar uma palestra, dentro de ciclo de conferência, e apresentar a videoinstalação "The Artist Must Be Beautiful" (a artista deve ser bela).
O térreo é visto pelo curador como o local onde os debates acerca da instituição, que podem interessar apenas a especialistas, alcancem também um público maior: "A idéia da praça é justamente a de abrir um espaço de encontro das diversidades existentes na malha urbana, a partir de projetos específicos de artistas que ativarão o espaço do pavilhão durante os 42 dias da mostra."
No terceiro andar, estarão artistas que irão trabalhar com os arquivos da Fundação Bienal de São Paulo, caso de Carla Zaccagnini e Nicolás Robio, argentinos radicados no Brasil, ou Mabe Bethônico, que já fizera isso na última Bienal.

Conferências
Mesquita também já definiu os temas do ciclo de conferências. Ele será composto por quatro plataformas: o meio artístico brasileiro e as Bienais de São Paulo; a economia das Bienais; como trabalhar com arquivos; tipologia das Bienais. Na primeira plataforma, por exemplo, foram definidas algumas edições das Bienais para serem examinadas a fundo: as de 1967 e 1969, quando houve um boicote à mostra; as de 1981 e 1983, organizadas por Walter Zanini; a de 1985, conhecida como a "Bienal da Grande Tela", de Sheila Leirner; a da antropofagia, em 1998, com curadoria de Paulo Herkenhoff; e "Como Viver Junto", de 2006, de Lisette Lagnado.
Passaram a fazer da equipe de Mesquita o jornalista Marcelo Rezende, que cuidará de um jornal semanal e o site; a crítica e curadora Luisa Duarte, que organizará as conferências; e os arquitetos Felipe Crescenti e Pedro Mendes da Rocha, que assinarão a montagem. Já o sul-africano Thomas Mulcaire deixou de fazer parte da curadoria.

"Crise ética"
Em texto recente publicado na revista trópico (www.uol. com.br/ tropico), o curador Paulo Herkenhoff afirma que a Bienal vive uma "crise ética" em relação a seus conselheiros. Mesquita diz que pretende abordar essa questão durante os seminários e que "espera fornecer à instituição um conjunto de recomendações para uma organização cultural mais ativa e permanente na vida cultural da cidade, oferecendo outros serviços para além da realização da Bienal de São Paulo".


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