da Redação

Orlando já não aguentava mais ouvir falar em anjos. Partiu para a luta com seus lápis e pincéis e, a partir de hoje, mostra a exposição "Como o Diabo Gosta", no Espaço Unibanco de Cinema.
O ilustrador, que colabora com a Folha há 12 anos, explica que seus demônios não têm nenhuma conotação religiosa.
Com seus 17 desenhos do coisa ruim, ele pretende recuperar o lado da farra, ambição e desejo, que acredita existir em todos, mesmo naqueles com cara de anjo.
O diabo de Orlando é justamente o anjo que foi expulso, "aquele que está na lateral, que não fica esperando ganhar tudo. Ele precisa correr atrás".
Mas não foi só a sua impaciência com a figura do "anjinho tocando harpa lá em cima" que o motivou a traçar bem-humorados retratos do satanás.
A exposição pretende discutir a atual situação dos ilustradores, que, segundo o artista, não têm tempo, espaço e nem o gosto para demonstrarem a paixão pelo desenho bem-finalizado.
"Acabou o cuidado com o traço, o gosto de lavar o pincel, de curtir o espirrar da tinta", fala o ilustrador.
Com desenhos grandes, alguns deles com um metro de altura, "Como o Diabo Gosta" marca uma atitude do artista de exorcizar a falta de espaço que ele acredita se intensificar a cada dia nos jornais. (CASSIANO ELEK MACHADO)
Exposição: Como o Diabo Gosta Artista: Orlando Onde: Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1.475, tel. 011/287-5590)
Quando: hoje, a partir das 20h30; diariamente, das 14h às 23h30. Até 20 de julho


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