São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2000


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LITERATURA
"Demônio e Senhorita Prym", novo romance do escritor, será lançado em outubro com tiragem de 200 mil
Coelho prepara duelo entre o bem e o mal

LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A TEERÃ

O duelo entre o bem e o mal é o assunto da nova obra do segundo escritor mais vendido do mundo, Paulo Coelho. Ele acha que "O Demônio e Senhorita Prym" poderá chocar alguns de seus 27 milhões de leitores. "É um livro amoral na sua essência", afirma.
"É um combate entre a luz e as trevas. E esse combate é travado na alma dos homens", afirma à Folha, falando pela primeira vez sobre seu novo romance, que será lançado em outubro com uma tiragem de 200 mil exemplares.
No livro, um estrangeiro chega a uma pequena aldeia e oferece uma recompensa para que um crime seja cometido. "É uma pessoa amarga. Para ele, o mundo tem que ser mau", conta Coelho, salientando que tentou fugir do maniqueísmo.
O personagem, o demônio do título, é vítima de um atentado terrorista. Os filhos são sequestrados e mortos. "Ele tenta se vingar do mundo", diz o escritor, que faz questão de frisar que o demônio não é uma figura satanizada. "A idéia clássica do demônio é a de desestabilizador." A outra personagem, senhorita Prym, é uma garçonete, cujo nome é Shantal.
Embora não seja nomeada, a pequena aldeia é baseada na cidade francesa de Viscos, onde Coelho esteve com a mulher em dezembro passado.
Ele diz que, na época, não pensou em usar a cidadezinha como locação. "O processo de criação é misterioso", suspira.
É esse mesmo processo que o faz jogar fora livros inteiros que não passam pelo seu crivo. "Não tenho o menor pudor de apertar a tecla delete", ri ele, que garante não arquivar nada nem guardar os esboços feitos.
Segundo Coelho, de cada livro publicado, dois vão parar "limbo virtual". O que é publicado é escrito num processo contínuo e curto. "O Demônio e a Senhorita Prym" foi produzido em dez dias durante o mês de janeiro.
Coelho diz que, muitas vezes, uma idéia é enterrada para ressuscitar anos depois. "Já tinha apagado um livro sobre a alma feminina em 90. E, quatro anos depois, eu escrevi "À Margem do Rio Piedra, Eu Sentei e Chorei", lembra. Algo semelhante ocorreu com "O Alquimista". "Depois da primeira chuva que lava a terra, o livro vem pronto", diz. "Antes, eles são muito complicados."
Coelho compara esse processo à alquimia, cujo lema é "dissolve e concentra".
Há pouco tempo, em outubro, um livro sobre sexo foi parar na lixeira. Motivo: "Estava mal explicado." E porque a mulher mandou. "A Cristina (Oiticica) me faz apagar os livros", diz ele, que submete suas obras a quatro "leitores fetiches", como ele os define: a mulher, a agente internacional, Mônica Antunes, e dois amigos, Chico Costa e Silva e Ana Neto. Segundo ele, apenas Cristina tem o poder de mandar seus livros para o lixo. Os demais ajudam a burilá-los.


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