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LITERATURA
"Demônio e Senhorita Prym", novo romance do escritor, será lançado em outubro com tiragem de 200 mil
Coelho prepara duelo entre o bem e o mal
LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A TEERÃ
O duelo entre o bem e o mal é o
assunto da nova obra do segundo
escritor mais vendido do mundo,
Paulo Coelho. Ele acha que "O
Demônio e Senhorita Prym" poderá chocar alguns de seus 27 milhões de leitores. "É um livro
amoral na sua essência", afirma.
"É um combate entre a luz e as
trevas. E esse combate é travado
na alma dos homens", afirma à
Folha, falando pela primeira vez
sobre seu novo romance, que será
lançado em outubro com uma tiragem de 200 mil exemplares.
No livro, um estrangeiro chega a
uma pequena aldeia e oferece
uma recompensa para que um
crime seja cometido. "É uma pessoa amarga. Para ele, o mundo
tem que ser mau", conta Coelho,
salientando que tentou fugir do
maniqueísmo.
O personagem, o demônio do
título, é vítima de um atentado
terrorista. Os filhos são sequestrados e mortos. "Ele tenta se vingar
do mundo", diz o escritor, que faz
questão de frisar que o demônio
não é uma figura satanizada. "A
idéia clássica do demônio é a de
desestabilizador." A outra personagem, senhorita Prym, é uma
garçonete, cujo nome é Shantal.
Embora não seja nomeada, a
pequena aldeia é baseada na cidade francesa de Viscos, onde Coelho esteve com a mulher em dezembro passado.
Ele diz que, na época, não pensou em usar a cidadezinha como
locação. "O processo de criação é
misterioso", suspira.
É esse mesmo processo que o
faz jogar fora livros inteiros que
não passam pelo seu crivo. "Não
tenho o menor pudor de apertar a
tecla delete", ri ele, que garante
não arquivar nada nem guardar
os esboços feitos.
Segundo Coelho, de cada livro
publicado, dois vão parar "limbo
virtual". O que é publicado é escrito num processo contínuo e
curto. "O Demônio e a Senhorita
Prym" foi produzido em dez dias
durante o mês de janeiro.
Coelho diz que, muitas vezes,
uma idéia é enterrada para ressuscitar anos depois. "Já tinha
apagado um livro sobre a alma feminina em 90. E, quatro anos depois, eu escrevi "À Margem do Rio
Piedra, Eu Sentei e Chorei", lembra. Algo semelhante ocorreu
com "O Alquimista". "Depois da
primeira chuva que lava a terra, o
livro vem pronto", diz. "Antes,
eles são muito complicados."
Coelho compara esse processo à
alquimia, cujo lema é "dissolve e
concentra".
Há pouco tempo, em outubro,
um livro sobre sexo foi parar na lixeira. Motivo: "Estava mal explicado." E porque a mulher mandou. "A Cristina (Oiticica) me faz
apagar os livros", diz ele, que submete suas obras a quatro "leitores
fetiches", como ele os define: a
mulher, a agente internacional,
Mônica Antunes, e dois amigos,
Chico Costa e Silva e Ana Neto.
Segundo ele, apenas Cristina tem
o poder de mandar seus livros para o lixo. Os demais ajudam a burilá-los.
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