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ARTES PLÁSTICAS
Obra será inaugurada hoje no Museu do Açude, no Rio, onde vai ficar permanentemente instalada
Penetrável reedita conceitos de Oiticica
RODRIGO MOURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hélio Oiticica (1937-1980) por
ele mesmo, mais de duas décadas
depois de sua morte. É esse o sentido das atividades que este ano
celebram um dos mais inventivos
artistas visuais que o Brasil gerou.
O calendário tem seu primeiro
ponto alto amanhã, quando o
Museu do Açude, no Rio, inaugura o penetrável permanente "Magic Square nš 5 - De Luxe".
O "quadrado mágico" de Oiticica é construído pela primeira vez,
seguindo as especificações deixadas pelo artista em maquete e
projeto de 1978 -uma grande estrutura arquitetônica de cor, com
oito paredes de 4,5 m de altura e
comprimento, ocupando 225 m2
de área em uma clareira na floresta da Tijuca.
"Queremos colocar as obras pela primeira vez de maneira condizente com os conceitos de Hélio",
diz César Oiticica Filho, sobrinho
do artista e curador do Projeto
HO. "Sempre tentamos construir
um penetrável desse tipo, o que
ele nunca conseguiu. É crucial para o trabalho."
O curador vai conjugar o penetrável do Museu do Açude com a
exposição "Além do Espaço", que
debutou em novembro de 2000
na Bienal de Havana e será aberta
dia 26 de julho no Rio (data do
aniversário do artista), ocupando
o Centro de Arte Hélio Oiticica e
seu entorno.
Para dar ênfase à sua visão de
uma arte ambiental, ligada ao espaço extramuseológico -"Museu é o mundo", dizia-, serão
mostrados (a palavra é pouco precisa) "parangolés" na sua concepção original, com as capas sendo
vestidas pelos espectadores que
vivem a experiência da obra.
Próximo ao centro, será montado outro penetrável, este pela primeira vez também na escala original pensada pelo artista. "Invenção da Luz" é composto de iluminação artificial e painéis brancos
de 8 m x 8 m, ocupando 64 m2.
A instalação dessas obras quebra o jejum de um ano sem individuais do artista abrigadas pelo
Centro de Arte Hélio Oiticica. "Ficamos sem verba e sem condições. O espaço [mantido pela Prefeitura do Rio" deixou de priorizar exposições de Hélio, e a reserva técnica está com problemas",
reclama César.
Enquanto isso, os Estados Unidos assistem à mostra "Quasi Cinema", com curadoria de Carlos
Basualdo, calcada nos trabalhos
em que Oiticica buscava "deslinearizar" o cinema -com abertura em setembro no Wexner
Center de Ohio e itinerância em
Nova York (New Museum) e Londres (Whitechapel Galery).
O Museu de Arte Moderna do
Rio, entrementes, planeja realizar
uma grande exposição de Oiticica
no ano que vem, ainda sem data
certa. O cerne volta a ser as proposições ambientais, com parangolés e penetráveis. A instituição
também vai adquirir este ano trabalhos do artista com recursos
obtidos junto à Petrobras.
"Magic Square nš 5" só saiu da
maquete graças à parceria entre o
Museu do Açude e o Projeto HO.
A realização da obra, que esperou
seis meses de pesquisa para que se
obtivesse a cor especificada por
Oiticica, integra a linha de instalações permanentes do museu, que
já conta com trabalhos de Iole de
Freitas e Ana Maria Maiolino. A
montagem na clareira reforça o
espírito da obra, que suscita jogos
de cor a partir da luz do sol.
Na abertura, a cantora Adriana
Calcanhotto e o poeta Waly Salomão "incorporam a revolta", para
usar uma frase inscrita em um dos
parangolés, e realizam performances a partir das capas.
MAGIC SQUARE Nš 5 - DE LUXE - Penetrável permanente de Hélio Oiticica
(1937-1980). Onde: Museu do Açude
(estrada do Açude, 746, tel. 0/xx/21/492-5219, Rio de Janeiro). Quando:
inauguração hoje, a partir das 12h. De
qui. a dom., das 11h às 17h. Quanto: R$ 2.
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