São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Agonia mutante

Estréia hoje "X-Men -°O Confronto Final", filme que pode ser o capítulo final da saga

Divulgação
Filme tem Halle Barry no elenco e pode encerrar saga dos heróis mutantes no cinema


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Nunca se sabe com absoluta certeza, na indústria americana, quando uma franquia de sucesso está encerrada. A saga dos Corleone estava, mas Francis Ford Coppola a ressuscitou em 1990, 26 anos depois de "O Poderoso Chefão 2", por exemplo. A série "X-Men", que foi aberta em 2000 e prosseguiu em 2003, talvez tenha mesmo acabado com "O Confronto Final". É provável, na pior das hipóteses, que prossiga apenas com solos de alguns personagens, como Wolverine. O fato é que o terceiro longa-metragem com os mutantes das HQs foi construído para dar a impressão de que finaliza a história deles no cinema. Argumentos que conduzem à idéia de encerramento lidam com mortes. Há despedidas aqui, provocando desfalques para eventuais tentativas de retomar o supergrupo. Mas existe sempre algum jeito de trazer um morto de volta. "O Confronto Final" faz isso no início, com o perturbador retorno de Jean Grey, e no final dos créditos, com uma cena-surpresa. Manter todos os mutantes no fio da navalha é uma das estratégias usadas pelos roteiristas Simon Kinberg e Zak Penn para criar tensão permanente. Iluminar o presente com fatos do passado é outra; dois econômicos flashbacks se encarregam disso na abertura. A mais importante, no entanto, é a que alinhava três argumentos paralelos. Ao mesmo tempo em que um laboratório farmacêutico anuncia a descoberta da cura para as mutações, Jean Grey ressurge, mas não parece mais a velha Jean Grey, e Magneto se articula para enfrentar a turma de Xavier. Enquanto os dois primeiros filmes eram zelosos ao se comunicar com as HQs originais, "O Confronto Final" transita com um pouco mais de liberdade pelo universo dos mutantes, protagonistas de uma aventura cuja ação tem ritmo ainda mais intenso, na medida em que aumentou o orçamento (cerca de US$ 210 milhões, contra US$ 75 milhões do primeiro) e a capacidade de recorrer a efeitos. Haverá quem enxergue nisso o dedo do diretor Brett Ratner ("A Hora do Rush"), que substituiu Bryan Singer, seduzido pelo convite para fazer "Superman - O Retorno". Seria mais razoável, entretanto, imaginar que o conceito do terceiro episódio é mesmo outro, como se a franquia tivesse virado gente grande e, assim, precisasse se qualificar com novas armas para enfrentar os demais arrasa-quarteirões da temporada. Conceito que intensifica o tratamento politicamente correto da diferença representada pelos mutantes. A Casa Branca do filme lembra muito a de George W. Bush, mas a resposta à política de intolerância do Estado -um tanto mascarada por um ministro-mutante que Wolverine não leva a sério- aponta na direção da aceitação do outro, seja lá como ele for.


X-MEN - O CONFRONTO FINAL    
Direção: Brett Ratner
Com: Hugh Jackman, Anna Paquin
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Kinoplex Itaim e circuito



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