São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Corte de luz do Masp leva promotoria a abrir investigação

ILUSTRADA Ministério Público busca apurar se as obras do museu correm risco de dano devido ao uso dos geradores

Eletropaulo e Masp farão reunião na manhã de hoje e devem acertar um modelo para pagamento da dívida de R$ 3,47 milhões

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público abriu inquérito anteontem para investigar se o acervo do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, corre risco de dano e segurança, porque a instituição está funcionando à base de geradores, por conta do corte de energia realizado pela Eletropaulo na última terça. O inquérito começou a ser cumprido ontem.
"Por causa das matérias de jornal que li ontem (anteontem), entre elas a da Folha, decidi instaurar inquérito para verificar se a coleção do Masp corre perigo, afinal trata-se de um patrimônio histórico e o acervo é tombado", afirmou o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Luis Roberto Proença. Entre as áreas de responsabilidade da Promotoria do Meio Ambiente estão o patrimônio artístico e o cultural.
Proença afirma que sua "primeira preocupação é verificar se os geradores que estão sendo utilizados funcionam a contento, mantendo não só os equipamentos de climatização mas também os de segurança". Para tanto, o promotor já solicitou ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que faça uma análise das condições dos geradores em uso pelo museu.
O promotor também expediu cartas pedindo dados a respeito do corte de energia à Eletropaulo e ao Masp. "Quero compreender a motivação do corte, mas não vou entrar na questão financeira nem avaliar a gestão do museu", disse Proença, que deu prazo de dez dias para obter as respostas.

Provável acordo
Na manhã de hoje, segundo a Eletropaulo, haverá uma reunião entre o comando da empresa e o presidente do Masp, Julio Neves. A Folha apurou que provavelmente haverá um acordo entre as duas partes, para que o fornecimento de energia seja retomado.
Julio Neves, que até ontem evitava atender a imprensa, marcou uma entrevista coletiva para às 11h30 de hoje -sua assessoria dissera que ele só se pronunciaria quando o caso estivesse solucionado.
A energia elétrica foi cortada às 7h da última terça devido à falta de pagamento de uma dívida de R$ 3,47 milhões, acumulada pelo museu nos últimos sete anos. Naquele dia, Neves reuniu-se com a diretoria da Eletropaulo, mas, segundo a concessionária, não apresentou uma proposta viável. Dois acordos já haviam sido rompidos pelo Masp, um em 2000 e outro em 2004, que previa 35 parcelas de R$ 21 mil, das quais só a primeira foi paga.
O Masp reconheceu as dívidas e disse que havia proposto pagá-las com "créditos tributários de terceiros". Segundo a Eletropaulo, a proposta não tem consistência jurídica.


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