CCBB do Rio abre exposição com artistas e estilistas brasileiros e japoneses, além de pipas e mangás

PAULO SAMPAIO
DA SUCURSAL DO RIO

O Rio abre hoje sua primeira grande exposição em homenagem ao centenário da imigração japonesa. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra "Nippon - 100 Anos de Integração Brasil-Japão" está dividida em quatro módulos e ocupa todas as salas Centro Cultural Banco do Brasil.
Logo à entrada, no foyer de mais de 36 metros de pé direito, estão penduradas cerca de 40 pipas de vários formatos e tamanhos, confeccionadas pelo engenheiro Ken Yamazato. Os japoneses já usavam pipas para mandar mensagens em batalhas no século 11.
No primeiro módulo, "Tradição", o visitante é recebido com representações fotográficas do xintoísmo e do budismo, filosofias consideradas fundamentais para a compreensão da cultura japonesa; há ali também uma linha do tempo que divide a história em três partes: o mundo, o Japão e o Brasil. Na sala seguinte, estão roupas e objetos dos samurais e de suas mulheres, como armaduras, quimonos, leques, sombrinhas e sandálias. No centro, há um vestido do estilista ícone dos anos 80 Issey Miyake.
"Dó", ou "caminho", o segundo módulo, mostra em uma série de trabalhos artesanais a importância para os japoneses da disciplina e do método para alcançar a arte. Estão ali ikebanas, origamis e até uma representação do artista Ryuseki Morimoto para o poema "Exílio", de Gonçalves Dias, em caligrafia japonesa. "O japonês não valoriza só o poema, mas a confecção das letras como arte e o trabalho como representação da cultura: isso é o que eles chamam de caminho", diz Denise.
O terceiro módulo faz um paralelo entre a arte nipônica e a brasileira, a partir de 1908, ano da imigração. Estão ali paisagens do Brasil vistas por artistas japoneses, desde as primeiras gerações de imigrantes até a de seus filhos e netos. Assinam as obras, entre outros, Tikashi Fukushima, Kaminagai, Mori e Tomie Ohtake.
Quarto módulo: "Japapop". Aqui entra tudo que o mundo moderno cultua como arte japonesa. Quadrinhos, moda, tecnologia. O estilista paulista Jum Nakao faz uma instalação com seus vestidos de papel, em uma sala onde se reproduziu uma passarela estilizada.
Além dos módulos, a mostra apresenta uma retrospectiva dos trabalhos da cineasta Tizuka Yamazaki e um ciclo de palestras reunindo figuras como Jun Sakamoto (culinária), monja Cohen (zenbudismo), Sônia Luyten (mangá) e Mari Kanegae (origami).