|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
música
CRÍTICA POP
Com piano e voz, Rufus cria CD intimista e emocionante
No disco, compositor e músico canadense homenageia a irmã e a mãe
THIAGO NEY
DE SÃO PAULO
Entre os discos lançados
neste ano, será quase impossível encontrar algum tão
melancólico, sutil e bem feito
quanto "All Days Are Nights:
Songs for Lulu", o sexto do
cantor e músico canadense
Rufus Wainwright.
Todos os álbuns de Rufus
são pessoais, quase autobiográficos. Mas "All Days Are
Nights" é aquele no qual
mergulha mais fundo em sua
vida e nas relações com sua
família e amigos.
O disco foi feito em grande
parte apenas com voz e piano, e o formato nos traz mais
para perto das dúvidas, dores e questões que aparecem
com tanta delicadeza.
Há, aqui, canções em homenagem a Nova York
("Who Are You New York?), à
irmã dele, Martha ("Martha"), à mãe, a cantora Kate
McGarrigle, morta em janeiro
deste ano ("Zebulon").
Elton John chegou a dizer
que Rufus é "o melhor compositor do mundo". Fica fácil
concordar quando ouvimos
"Zebulon": "Minha mãe está
no hospital/ Minha irmã, na
ópera/ Estou apaixonado,
mas não vamos falar disso".
Já "Give me what I Want
and Give it to me Now", relativamente rápida, com letra
irônica, tem um tom que destoa do restante do álbum.
Há, ainda, a adaptação de
sonetos de Shakespeare
-em "When Most I Wink" (o
soneto 10), "A Woman's Face" (o 20) e "Shame" (o 43).
Ambicioso, inquieto, Rufus já compôs até óperas. Está aqui uma versão de uma
ária, "Les Feux d'Artifice
T'Appellant". Em um disco
tão coeso, este é o ponto alto.
Intensa, dramática. Se você
não se emocionar com essa
faixa, bem, é porque talvez
você esteja na "realidade paralela" de "Lost".
"All Days Are Nights" é um
disco simples -sem arranjos
muito complicados, livre dos
adereços que Rufus costuma
colocar em duas canções- e,
até por isso, bastante intimista, além de carregar uma beleza arrebatadora. Criar um
álbum assim é algo que diferencia Rufus de outros músicos/compositores.
ALL DAYS ARE NIGHTS:
SONGS FOR LULU
ARTISTA Rufus Wainwright
GRAVADORA Universal
QUANTO R$ 30, em média
AVALIAÇÃO ótimo
Texto Anterior: Poeta omite Durban e destila influência inglesa Próximo Texto: CDs Índice
|