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Após trauma, Mombojó volta à ativa
Banda supera a perda de dois integrantes, lança "Amigo do Tempo" e garante que não pensou em acabar
Agora um quinteto, grupo compôs músicas em um mês, dormindo todos juntos no mesmo quarto em Recife
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Ao contrário do que se chegou a imaginar, o Mombojó
está na ativa. A banda pernambucana, uma das maiores promessas do cenário independente na década passada, não lançava um disco
há quatro anos. E, para muita
gente, tinha acabado.
Foram muitos os contratempos. Entre "Homem Espuma", o trabalho de 2006, e
agora, perderam dois integrantes. O flautista Rafael
Torres morreu do coração em
2007. O violonista Marcelo
Campello deixaria a banda
no ano seguinte.
Com lançamento "físico"
marcado para 19 de junho (e
download gratuito a partir de
7 de junho no site da banda),
"Amigo do Tempo" marca a
recuperação da banda, a reacomodação em quinteto.
"Senti que estávamos nos
perdendo do público", diz o
vocalista Felipe S. "Mas tentávamos não nos deixasse levar. Se algumas pessoas
acharam que a gente foi "a"
banda e deixou de ser, é melhor recuperar isso agora, na
prática, com o disco."
Não é exagero afirmar: Roberto Carlos -o Rei- bancou
o terceiro disco do Mombojó.
"Amigo do Tempo" levou
dois anos para ficar pronto.
Primeiro, a banda inscreveu o projeto em vários editais a fim de levantar os R$ 30
mil que julgava necessários
para viabilizar o disco. Nenhum deles foi aprovado.
Em janeiro, partiram para
o plano B. Meteram a mão na
massa, formaram parcerias
com amigos e pagaram as
gravações do próprio bolso.
Roberto Carlos
O dinheiro para isso, ganharam em shows semanais
não do Mombojó, mas do Del
Rey, banda que levam em paralelo, interpretando apenas
repertório de Roberto.
Também é o Del Rey, eles
dizem, que paga o aluguel da
casa onde moram, na Pompeia (moram em São Paulo
desde o ano passado), a comida, as contas. E a existência do próprio Mombojó.
"Roberto Carlos é um dos
únicos artistas que conseguem chegar em qualquer
público, de qualquer classe
social", diz o vocalista Felipe
S. "Ele atinge um mercado
que o Mombojó nunca vai ter
-e a gente nem acha errado
que não chegue."
O Del Rey cumpre, portanto, função parecida com a de
alguns artistas populares
-Roberto, inclusive- nos
tempos áureos da gravadoras, quando o rendimento
obtido com o sucesso de alguns subsidiava as experiências formais de outros. Uma
vez assimilado que teriam
que parir o álbum às próprias
custas, os cinco meninos partiram para Recife.
Internaram-se por um mês
em um sítio, dormindo no
mesmo quarto, e começaram
a compor compulsivamente.
Gravaram ali quase toda a
base do disco. Outros detalhes entraram na volta, no estúdio caseiro que têm no subsolo da casa na Pompeia.
"Em estúdio [profissional],
a gente só refez algumas coisas de voz e bateria. E bem
poucas", garante o tecladista
Chiquinho Moreira. A produção foi coassinada com Pupillo, da Nação Zumbi.
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