São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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WILSON SIMONAL

MORRE AOS 62 ANOS O "REI DO SUINGUE"

Folha Imagem
Wilson Simonal na saída de um show, em 1967, no Rio de Janeiro


DA REPORTAGEM LOCAL

O cantor Wilson Simonal de Castro, 62, o "rei do suingue", morreu ontem às 10h45 no hospital Sírio Libanês, na região central de São Paulo, vítima de falência múltipla dos órgãos em decorrência de doença hepática (hepatopatia) crônica.
Simonal viveu o auge de sua carreira artística na década de 60, quando foi considerado o primeiro "pop star" negro da MPB e apresentou um programa na TV Record, o "Wilson em Si Monal", entre 1966 e 1967. Seu corpo será enterrado hoje, às 10h, no cemitério do Morumby, zona sudoeste de São Paulo.
O cantor estava internado no Sírio Libanês desde 30 de maio. Antes, estivera hospitalizado entre 4 de abril e 12 de maio.
O quadro clínico de Wilson Simonal já era considerado irreversível pelos médicos. Seu estado piorou nas últimas duas semanas. Na sexta-feira, entrou em coma hepático -o fígado parou de funcionar, comprometendo outros órgãos.
O velório começou por volta das 15h de ontem e segue hoje até as 9h, no Sírio Libanês. Até as 20h30 de ontem, quando cerca de 40 pessoas estavam no local, poucos artistas haviam comparecido. Entre eles, os cantores Ronnie Von e Jair Rodrigues.
O crítico Zuza Homem de Melo, que também compareceu ao Sírio Libanês ontem à tarde, afirmou ter visitado Simonal na semana passada. "Ele me disse, bem-humorado, que desta vez estava pela bola preta."
O velório, restrito a familiares e convidados, foi um reflexo do isolamento que Wilson Simonal viveu nas últimas décadas. O cantor foi acusado de colaborar com os órgãos de repressão durante o regime militar.
O intérprete de "Meu Limão, Meu Limoeiro" e "Sá Marina" dizia ter sofrido boicote da mídia e de artistas. Músicos se recusavam a tocar com ele, para "não se queimar", dizia.
Embora nenhum artista afirme ter sido prejudicado politicamente por Wilson Simonal, o cantor foi acusado, em 1971, pelo agente do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) Mário Borges, de ser um informante do órgão.
Geraldo Vandré, que na década de 60 estava ideologicamente no lado oposto ao de Simonal, visitou o cantor há cerca de dois meses, durante sua primeira internação.
Ontem, procurado pela Folha, Vandré se recusou a fazer comentários sobre o artista. Ele negou ter tratado de política durante sua visita. "Falamos de amenidades. Fui me solidarizar com ele. Não iria tratar de um assunto desses com uma pessoa doente", afirmou o compositor.
Em sua carreira, Simonal gravou 36 discos. O último, "Brasil", foi lançado em 94.
Simonal deixa três filhos: Wilson Simoninha e Max (Maximiliano) de Castro, que seguiram a carreira musical, e Patrícia de Castro. Simonal estava em seu segundo casamento, com a advogada Sandra Cerqueira.
Simoninha, filho do cantor, disse ontem que a família não guarda mágoa da mídia e da indústria musical. Disse que irá tentar convencer gravadoras e emissoras de TV a fazer "uma compilação digna" da obra de seu pai. A maior parte dos discos de Simonal ainda não foi lançada em CD.


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