DA REDAÇÃO

Do atletismo à dança, o mesmo instrumento. O corpo, antes explorado em busca do melhor lugar no pódio, quer outra forma de expressão. O Kataklo, grupo italiano que se apresenta hoje e amanhã, em São Paulo, reúne 15 ex-ginastas que resolveram aliar as habilidades adquiridas em anos de treinamento esportivo à dança.
"Fair Play" mostra 19 cenas curtas em que ciclismo, basquete, boxe, natação, futebol, tênis, entre outras modalidades esportivas, são exploradas. Uma das melhores passagens é o uso de uma bicicleta como objeto cênico para mostrar as manobras feitas nas barras da ginástica olímpica.
"Meu objetivo era utilizar o gesto atlético pela sua beleza e plasticidade para fazer com que o movimento se transformasse em história", disse à Folha a diretora artística e fundadora do grupo, Giulia Stacciolli, também ex-ginasta.
Atletas ou dançarinos, o resultado é um espetáculo inusitado. O ilusionismo usado em algumas companhias do mundo aqui aparece diferente, na medida em que se observa que os integrantes têm força muscular suficiente para não precisar de efeitos outros.
O grupo, que trabalha com o auxílio de professores de dança, treina cerca de cinco horas por dia. A maioria dos integrantes provêem da seleção italiana de ginástica rítmica feminina e da artística masculina. Entre eles, está Maurizio Colucci, campeão olímpico em Atlanta (1996).
"Considero a fusão do esporte com a dança uma verdadeira abertura de limites, uma ocasião para explorar uma forma diferente de arte que aproxima os modos de viver o corpo", fala Staccioli.
O Kataklo Athletic Dance Theatre, fundado em 1995, se apresenta pela primeira vez no Brasil. Inicia a turnê em São Paulo e segue para Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. "Temos curiosidade em saber como o país do futebol irá receber nosso trabalho", fala a diretora. (KATIA CALSAVARA)