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DVDTECA FOLHA
Vida do artista pictórico norte-americano fecha coleção
Biografia de Jackson Pollock
vai da fama à decadência
DA REPORTAGEM LOCAL
"Pollock", último filme da coleção DVDteca Folha, que é lançado
no próximo domingo, é uma biografia que acaba, como quase
sempre neste gênero cinematográfico, pedindo grande empenho dos seus atores. No caso, o diretor e protagonista Ed Harris,
cuja atuação (brilhante) foi indicada para o Oscar, e Marcia Gay
Harden, que obteve a estatueta de
melhor atriz coadjuvante.
Diferenciado também é o viés
escolhido por Harris, que por dez
anos se preparou para levar às telas a história do genial pintor
Jackson Pollock (1912-1956).
A fascinação nasceu pela semelhança física entre ambos, e daí,
claro, o reconhecimento do ator
de que a arte pictórica de Pollock
foi das maiores expressões norte-americanas do século 20. Com
equipe e elenco acertados, decidiu
também ficar responsável pela direção do longa.
Na vida real, Jackson Pollock foi
o grande expoente do "acting
painting", vingado a partir do expressionismo abstrato, escola artística na Nova York dos anos 40 e
que foi sua formação.
Pollock, então, pintava sob essa
influência até, por volta dos anos
50, começar algo mais visceral,
que utilizava quaisquer instrumentos além do pincel, como colheres e pedaços de pau. Pinceladas, riscos e tintas escorridas sobre a tela, que ficava no chão,
eram ações comuns e vistas até
nas capas dos discos do saxofonista Ornette Coleman. Usuais e
nascidas intuitivamente de Pollock, quando, do nada, ele deixou
gotejar tinta sobre a enorme tela
que pintava e viu, ali, uma nova
expressão artística.
Essa primeira vez está numa belíssima seqüência de "Pollock",
que, ao mesmo tempo que exalta
a genialidade de seu biografado,
também mostra o quanto há de
comum nas passagens de sua vida, até o fatal acidente de carro. E
seu alcoolismo e pulsão de morte,
que o levaram ladeira abaixo, da
fama à decadência.
Complexidade
Sua mulher, a também artista
plástica Lee Krasner (Marcia Gay
Harden), ao mesmo tempo em
que largou seu trabalho por amor
a Pollock, acabou sufocando-o.
Assim como os descaminhos do
artista, que ora estava bem e com
sua fúria controlada, ora arrasado
pelo álcool e pela depressão.
Essa ambigüidade e complexidade dos personagens agradou ao
público e à crítica. Há tanto uma
câmera que assiste fascinada ao
processo criativo do pintor como
o registro das suas fraquezas como homem.
Na verdade, Ed Harris sofreu
para fazer a versão que pretendia
para o seu filme, baseada no livro
de Steven Naifeh e Gregory White
Smith. Desentendendo-se com
não poucos produtores, a cada
novo contrato ele tinha que negociar qual montagem teria seu longa-metragem.
No mais, Ed Harris fugiu da glamourização comum a várias biografias cinematográficas para dar
espaço a um certo realismo, optando por um tom mais sóbrio
nas cenas e deixando a força toda
nas obras de Pollock que são mostradas ao longo do filme.
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