JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Marisa Orth reclama de ter recebido a "bitola de humorista na testa". Mas não vai ser com o show-pesquisa "Romance Vol. 2" que deixará de ser vista como comediante. Seu espetáculo no Café Uranus (a piada, ainda que em inglês, já começa no trocadilho do nome do lugar, que poderia ser traduzido como "Café Suabunda") está cheio de números cômicos entre as canções. Muitos dispensáveis, quase todos sem graça.
A platéia, com saudosos da Luni e da Vexame (bandas nas quais Orth cantou), parece mais sedenta pelas gracinhas do que pelas músicas. O engraçado (ou triste) é que Orth canta bem. Sua linda voz é amparada por um competentíssimo quinteto de baixo acústico, guitarra, bateria, teclados e sopros. Carneiro Sândalo, além de empunhar as baquetas, assume o microfone em releitura do hit de motel "Baby, Come Back".
Musicalmente, convence. Orth interpreta canções como "Fama de Mau" (com citação do tema de James Bond) e "I'm Not in Love" (do 10cc). Na última, usa recurso que Simonal ajudou a popularizar: o de adaptar uma estrofe ao português para evidenciar sua breguice. E ainda recupera uma gema pouco conhecida do repertório de Tim Maia: "Sofre", que ele gravou em 1972.