São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Museu Afro Brasil vai ser reaberto amanhã

Instituição com obras ligadas à cultura negra estava fechada desde sábado

Espaço encravado no parque Ibirapuera, em SP, tem dívidas de R$ 300 mil, que começarão a ser pagas na semana que vem


Joel Silva/Folha Imagem
Entrada fechada do Museu Afro, que assinou contrato com a Secretaria Estadual de Cultura e vai receber aporte de R$ 4 milhões

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aviso de "Atenção: Museu Temporariamente Fechado" será retirado amanhã da porta principal do Museu Afro Brasil, espaço de 11.700 m2 encravado no parque Ibirapuera e que teve suas atividades paralisadas desde o último sábado.
O motivo principal pelo qual a instituição paulistana, que conta com um grande acervo de arte ligado à cultura negra, ficou fechada foi a dívida de cerca de R$ 300 mil, segundo o diretor e curador-chefe do museu, Emanoel Araujo, 68.
A maior parte dos débitos se referiam a pagamentos de funcionários, a maioria do setor administrativo, e das equipes terceirizadas de segurança e de limpeza do prédio.
"Foi cortada a luz também. Pedimos a intervenção do governador [José Serra], e ela foi religada", conta Araujo.
De acordo com ele, a parada de uma semana foi necessária para que fossem assinados os contratos da Secretaria Estadual de Cultura com o museu, que garantem um aporte de R$ 4 milhões para este ano.
O valor será destinado, em grande parte, à folha de pagamentos, mas reformas estruturais no pavilhão do museu, projetado por Oscar Niemeyer, devem começar a ser feitas no segundo semestre.
"Para a secretaria, foi um problema temporário", afirmou João Sayad, 63, titular da pasta. Segundo ele, os R$ 4 milhões já estarão disponíveis na semana que vem. "Estamos muito contentes com a parceria que fizemos com o museu, que tem um lugar estratégico dentro do Ibirapuera."
Antes gerenciado por uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), o Afro Brasil vai passar a ser gerenciado por uma OS (organização social).
Segundo Araujo, isso vai dar mais autonomia à direção do museu para implementar projetos de médio prazo e dar segurança jurídica à instituição. Hoje, os modelos mais bem-sucedidos de museus vinculados à Secretaria Estadual de Cultura são OS, como a Pinacoteca do Estado e o Paço das Artes.
"A parada foi para acertar as contas, mas, com o contrato fechado, podemos retomar o cronograma de atividades previstas", afirma o curador.
Atualmente, estão em cartaz as exposições "Mestre Didi - O Escultor do Sagrado", com obras do artista baiano, "De Valentim a Valentim - A Escultura Brasileira", com 350 peças, e "Brasil - Terra dos Contrastes", além do acervo permanente do museu.

R$ 28 milhões
Pelo contrato assinado nesta semana, o Afro Brasil entrega cerca de 3.000 obras, além de 6.500 livros, ao Estado. Em contrapartida, recebe, até 2012, R$ 28 milhões.
"Vamos conseguir reformar o telhado, que está em uma situação ruim, além de modernizar as instalações elétricas e museológicas. E iremos atrás de aquisições de peças consideradas importantes para o acervo", afirma Araujo.


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