São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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CRÍTICA SÉRIE

"True Blood" satiriza guerra cultural nos EUA de hoje

Terceira temporada da série vampiresca estreia amanhã à noite na HBO

TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"True Blood", cuja terceira temporada estreia amanhã na HBO, propõe um dos universos mais bizarros atualmente no ar.
Nele, os vampiros "saíram do caixão" e vivem abertamente entre os humanos.
Isso aconteceu desde que cientistas japoneses desenvolveram um sangue sintético -o tal do "sangue verdadeiro", que dá nome ao programa- vendido engarrafado nas boas casas do ramo.
Por isso, os vampiros não precisam mais matar para sobreviver -o que não significa que não matem.
Baseado na série de livros "The Southern Vampire Mysteries", de Charlaine Harris, "True Blood" guarda semelhanças com "Crepúsculo", de Stephenie Meyers.
Mas em "Crepúsculo" praticamente não há sexo. "True Blood", por outro lado, é praticamente uma bacanal.
Os vampiros são imortais, mas guardam hábitos e vaidades do tempo de humanos.
Fazem luzes no cabelo, contratam prostitutas, elaboram pratos refinados com o sangue de suas vítimas.
Nada disso assusta a garçonete Sookie (Anna Paquin, Oscar de coadjuvante por "O Piano"), que se envolve com Bill, um vampiro cavalheiresco, mas não resiste a um flerte com Eric, mais forte e mais "antigo".

ALEGORIAS
A terceira temporada começa de supetão, exatamente onde a segunda parou.
No primeiro episódio descobrimos que Bill foi sequestrado por viciados em V, o sangue de vampiro pulverizado que provoca o maior barato nos humanos.
V -uma alusão a E, de ecstasy- é uma das muitas alegorias da série. A mais óbvia é a correlação entre a luta dos vampiros por uma aceitação pelos humanos e o movimento gay da vida real.
"True Blood" é uma sátira de humor negro à "guerra cultural" atualmente em curso nos EUA, que opõe os liberais aos conservadores religiosos. A série não esconde sua simpatia pelos primeiros nem perde oportunidade de humilhar os segundos.
Para um não iniciado, pode ser difícil começar a acompanhar agora. Aos inúmeros personagens juntam-se outros, como o elegante lobisomem Alcide ou o afetado rei dos vampiros do Mississippi.
Há também flashbacks que revelam que os vampiros lutaram contra os lobisomens e ao lado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Mas talvez nenhuma trama seja tão interessante quanto a de Jessica, a adolescente vampirizada à revelia que está aprendendo a conciliar namoro e outras preocupações da idade com sua nova condição de morta-viva.
"True Blood" demorou para engrenar, mas os produtores encontraram o equilíbrio entre sustos, risadas e provocações políticas. É a série mais assustadora e divertida dos últimos tempos.


NA TV

True Blood
Estreia da terceira temporada
QUANDO amanhã, às 22h, na HBO
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO ótimo



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