São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997.



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CINEMA BRASILEIRO
Retrospectiva traz 33 longas e 37 curtas que se destacaram nas 24 edições anteriores do festival
Cinemateca celebra 25 anos de Gramado

Divulgação
José Wilker e Sonia Braga em 'Dona Flor e Seus Dois Maridos' (1977)


JOSÉ GERALDO COUTO
especial para a Folha

Em seus 25 anos, o Festival de Cinema de Gramado premiou muito abacaxi, mas premiou também muita coisa boa. Uns e outros poderão ser vistos a partir de hoje na Sala Cinemateca, no ciclo em homenagem ao festival.
Até 22 de agosto, serão exibidos 70 filmes (33 longas e 37 curtas).
Entre eles estão títulos incontornáveis da cinematografia nacional, como "O Casamento" (86), de Arnaldo Jabor, "Dona Flor"(77), de Bruno Barreto, "Lúcio Flávio" (78), de Hector Babenco, "Nunca Fomos Tão Felizes" (84), de Murilo Salles, e "A Marvada Carne" (85), de André Klotzel.
Para quem já viu e reviu essas figurinhas carimbadas, o ciclo traz a oportunidade de redescobertas estimulantes, como a dos filmes do mineiro Carlos Alberto Prates Correia: "Cabaret Mineiro" (1981) e "Noites do Sertão" (1984).
Vista hoje, à luz da careteação crescente do cinema nas últimas décadas, a obra de Prates surpreende por seu vigor inventivo e pela maneira ousada como funde tradição e vanguarda, erudição e cultura popular.
Outra revisão que pode ser interessante, sobretudo depois da polêmica de "O Que É Isso, Companheiro?", é a dos filmes que pioneiramente trataram dos anos de chumbo do país, como "Pra Frente, Brasil" (82), de Roberto Farias, e "Nunca Fomos Tão Felizes".
O ciclo tem de tudo: do horror "trash" de Ivan Cardoso ("O Segredo da Múmia", 86) ao cinema moderninho de Wilson Barros ("Anjos da Noite", 87), do realismo "sujo" de Nelson Pereira dos Santos ("O Amuleto de Ogum", 1975) ao surrealismo de Ana Carolina ("Das Tripas Coração", 1983).
Outro modo possível de aproveitar a retrospectiva é comparar as obras antigas dos cineastas com seus trabalhos atuais. Por exemplo: "Vai Trabalhar Vagabundo" (1974), de Hugo Carvana, com o seu recente "O Homem Nu"; "Dona Flor" com "O Que É Isso, Companheiro?", "Nunca Fomos Tão Felizes" com "Como Nascem os Anjos".
Escola dos curtas
Igualmente instrutivo é garimpar, entre os 37 curtas programados, aqueles que revelam o aprendizado dos cineastas que agora estão estreando no longa-metragem.
É o caso de "Viver a Vida" (1991), de Tata Amaral ("Um Céu de Estrelas"); "Dov'é Meneghetti?" (1989), de Beto Brant ("Os Matadores"); "Wholes"(1991), de Cecílio Neto ("A Reunião dos Demônios"); e "Arabesco" (1990), de Eliane Caffé ("Kenoma").
Além desses, há curtas que marcaram época, como o premiadíssimo "Ilha das Flores" (1989), de Jorge Furtado, e as irresistíveis animações de Cao Hamburger, "Frankenstein Punk" (1987) e "A Garota das Telas" (1989).
Ainda no que se refere aos curtas, há um que não se deve perder: a comédia "O Super-Outro" (1989), do baiano Edgar Navarro, paródia tropicalista das aventuras de super-heróis.



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