|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DA RUA
Algum lugar
FERNANDO BONASSI
Olavo deu pra pegar o carro
nas horas mais estranhas.
Veste-se bem, barbeia-se,
penteia-se e sai sem desculpas, deixando todos alarmados. Vai a dez por hora até a
esquina, onde vira cantando
os pneus. Então, horas a fio
passadas e repassadas pelas
ruas desencapadas do bairro.
Às vezes volta com enormes
quantidades de suspiros, bibelôs de oferta ou jornais repetidos. Nada do que se tirar
proveito. Nada que alguém
tenha pedido. Aliás, não aceita encomendas. Três ou quatro tanques por semana é o
mínimo de gasto com essa esquisitice. Nos últimos tempos, sua família tem implorado pra que fique, mas não
adianta. Nem é o prejuízo ou
medo de acidente... É mais a
impressão de que ele não está
conseguindo chegar a qualquer droga de lugar.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Festival: Mundo inteligente da animação instala-se a partir de hoje em SP Índice
|