São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO NOS EUA
Chris Carter se prepara para lançar nos EUA o seriado de ficção-científica "Harsh Realm"
Criador de "Arquivo X" lança nova série

ALEXANDRE MARON
enviado especial a Los Angeles

Depois de estabelecer "Arquivo X" como um sucesso mundial e ver sua outra criação, "Millennium", fracassar, Chris Carter, o criador das duas séries, vive um momento de definição. Ele se prepara para lançar na TV norte-americana o seriado de ficção científica "Harsh Realm" e não pode falhar, mas as críticas dos especialistas foram mornas.
O novo programa de TV criado por Carter é importante porque, depois de seis anos, "Arquivo X" não dá sinais de que seja capaz de se aguentar no ar por muito mais tempo. A Fox anunciou que o sétimo será o último ano das aventuras dos agentes Fox Mulder e Dana Scully.
Está na hora de Carter trazer algo novo e fugir do estigma de ser produtor de apenas uma série de sucesso. Assim, ele está empenhado em estabelecer a série em seu primeiro ano e promete não descuidar de "Arquivo X".
"Depois de tudo, não vou deixar que "Arquivo" tenha um final que não seja à altura. E, como pode mesmo ser o último ano, quero me certificar de que não deixei nenhuma história ótima para trás", disse na última quinta, em entrevista durante o TCA, evento que reúne os críticos de TV dos EUA, em Los Angeles.
Carter lembra que, embora seu contrato e o de David Duchovny (o agente Fox Mulder) acabem este ano, o da atriz Gillian Anderson (a parceira de Mulder, Dana Scully) prevê uma hipotética oitava temporada. Embora Duchovny se recuse a renovar seu contrato, há espaço para mais um ano de "Arquivo X".
E a temporada de especulações está aberta. "Eu poderia fazer mais um ano da série sem David, mas não é o que queremos", afirma Carter. Duchovny, por sua vez, é lacônico: "Nunca diga nunca" (leia texto ao lado).

Momento certo
O produtor defende a idéia de que "Arquivo X" foi bom em seu tempo, aconteceu no momento certo e que essa é a hora e a vez de "Harsh Realm". ""Arquivo" estreou em 1993 e tinha a linguagem adequada para aquele momento, até ajudamos a popularizar o telefone celular. A nova série lida com os temas que estão nos cercando nesta virada de milênio", afirma.
"Harsh Realm" é baseado numa revista em quadrinhos homônima que conta a história de um soldado, veterano da guerra da Bósnia, que se vê preso dentro de uma realidade virtual criada pelo governo dos EUA para treinar soldados (leia texto ao lado).
Carter recebeu a revista de um amigo e se apaixonou pelo tema. Como ninguém na TV, na sua opinião, tinha tocado no assunto de realidade virtual de uma forma inteligente, achou que havia espaço para o novo programa. Os filmes "O Resgate do Soldado Ryan" e "Além da Linha Vermelha" também o influenciaram.
Como o programa-piloto começa com uma cena de guerra envolvendo crianças, os críticos preocuparam-se com a forma como a violência seria retratada. "Eu não me interesso por sangue e tiros. Essa série terá as virtudes de "Arquivo X", será centrada nos personagens e fala da guerra sem glorificação", Carter afirma.
"Harsh Realm" pode ser comparado a "Matrix" por alguns temas e a forma de colocar o protagonista como uma espécie de escolhido. Para Chris Carter, o tema levanta questões básicas que estão nesse filme e na série. "Há idéias que são recorrentes ao tema. "Matrix" é muito bom, fiquei impressionado com o que vi, mas estava desenvolvendo o projeto antes de ver o filme."
Outra preocupação é quanto às possibilidades de uma série que se passa o tempo todo numa realidade virtual: como ela fará para durar várias temporadas? "Nos capítulos 2 e 3 vamos explicar a existência da realidade virtual no programa e como ela pode afetar o destino do planeta; isso deixará todo mundo ligado", promete.
Como de costume, Carter colocou no seriado alguns elementos bizarros. Em "Harsh Realm", quem morre desaparece, não deixa um corpo. "Por causa disso, eles não têm nenhum tipo de adoração pelos mortos. É um mundo sem Deus, sem governo e sem moralidade", revela.
"O que mais me atrai na nova série é que as possibilidades são infinitas. Há um toque de "Além da Imaginação" porque lida com mundos paralelos. Mas é também uma história de conspiração, em que o protagonista tenta descobrir porque estão fazendo aquilo com ele", conclui o produtor.


O jornalista Alexandre Maron viajou a convite do canal pago Fox










Texto Anterior: Relâmpagos: Piloto da madrugada
Próximo Texto: Piloto tem excesso de informações
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.