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TELEVISÃO NOS EUA
Chris Carter se prepara para lançar nos EUA o seriado de ficção-científica "Harsh Realm"
Criador de "Arquivo X" lança nova série
ALEXANDRE MARON
enviado especial a Los Angeles
Depois de estabelecer "Arquivo
X" como um sucesso mundial e
ver sua outra criação, "Millennium", fracassar, Chris Carter, o
criador das duas séries, vive um
momento de definição. Ele se prepara para lançar na TV norte-americana o seriado de ficção
científica "Harsh Realm" e não
pode falhar, mas as críticas dos especialistas foram mornas.
O novo programa de TV criado
por Carter é importante porque,
depois de seis anos, "Arquivo X"
não dá sinais de que seja capaz de
se aguentar no ar por muito mais
tempo. A Fox anunciou que o sétimo será o último ano das aventuras dos agentes Fox Mulder e
Dana Scully.
Está na hora de Carter trazer algo novo e fugir do estigma de ser
produtor de apenas uma série de
sucesso. Assim, ele está empenhado em estabelecer a série em seu
primeiro ano e promete não descuidar de "Arquivo X".
"Depois de tudo, não vou deixar
que "Arquivo" tenha um final que
não seja à altura. E, como pode
mesmo ser o último ano, quero
me certificar de que não deixei
nenhuma história ótima para
trás", disse na última quinta, em
entrevista durante o TCA, evento
que reúne os críticos de TV dos
EUA, em Los Angeles.
Carter lembra que, embora seu
contrato e o de David Duchovny
(o agente Fox Mulder) acabem este ano, o da atriz Gillian Anderson
(a parceira de Mulder, Dana
Scully) prevê uma hipotética oitava temporada. Embora Duchovny se recuse a renovar seu
contrato, há espaço para mais um
ano de "Arquivo X".
E a temporada de especulações
está aberta. "Eu poderia fazer
mais um ano da série sem David,
mas não é o que queremos", afirma Carter. Duchovny, por sua
vez, é lacônico: "Nunca diga nunca" (leia texto ao lado).
Momento certo
O produtor defende a idéia de
que "Arquivo X" foi bom em seu
tempo, aconteceu no momento
certo e que essa é a hora e a vez de
"Harsh Realm". ""Arquivo" estreou em 1993 e tinha a linguagem
adequada para aquele momento,
até ajudamos a popularizar o telefone celular. A nova série lida com
os temas que estão nos cercando
nesta virada de milênio", afirma.
"Harsh Realm" é baseado numa
revista em quadrinhos homônima que conta a história de um soldado, veterano da guerra da Bósnia, que se vê preso dentro de
uma realidade virtual criada pelo
governo dos EUA para treinar
soldados (leia texto ao lado).
Carter recebeu a revista de um
amigo e se apaixonou pelo tema.
Como ninguém na TV, na sua
opinião, tinha tocado no assunto
de realidade virtual de uma forma
inteligente, achou que havia espaço para o novo programa. Os filmes "O Resgate do Soldado
Ryan" e "Além da Linha Vermelha" também o influenciaram.
Como o programa-piloto começa com uma cena de guerra envolvendo crianças, os críticos
preocuparam-se com a forma como a violência seria retratada.
"Eu não me interesso por sangue
e tiros. Essa série terá as virtudes
de "Arquivo X", será centrada nos
personagens e fala da guerra sem
glorificação", Carter afirma.
"Harsh Realm" pode ser comparado a "Matrix" por alguns temas e a forma de colocar o protagonista como uma espécie de escolhido. Para Chris Carter, o tema
levanta questões básicas que estão
nesse filme e na série. "Há idéias
que são recorrentes ao tema. "Matrix" é muito bom, fiquei impressionado com o que vi, mas estava
desenvolvendo o projeto antes de
ver o filme."
Outra preocupação é quanto às
possibilidades de uma série que se
passa o tempo todo numa realidade virtual: como ela fará para durar várias temporadas? "Nos capítulos 2 e 3 vamos explicar a existência da realidade virtual no programa e como ela pode afetar o
destino do planeta; isso deixará
todo mundo ligado", promete.
Como de costume, Carter colocou no seriado alguns elementos
bizarros. Em "Harsh Realm",
quem morre desaparece, não deixa um corpo. "Por causa disso,
eles não têm nenhum tipo de adoração pelos mortos. É um mundo
sem Deus, sem governo e sem
moralidade", revela.
"O que mais me atrai na nova
série é que as possibilidades são
infinitas. Há um toque de "Além
da Imaginação" porque lida com
mundos paralelos. Mas é também
uma história de conspiração, em
que o protagonista tenta descobrir porque estão fazendo aquilo
com ele", conclui o produtor.
O jornalista Alexandre Maron viajou a convite do canal pago Fox
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