São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2000


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Cineasta nega irregularidades apontadas por auditoria do Ministério da Cultura em filme inacabado
Fontes recorre contra auditoria em "Chatô"

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

O diretor de cinema Guilherme Fontes vai entrar na próxima semana com recurso administrativo, no Ministério da Cultura, contra relatório baseado em auditoria que apontou 11 irregularidades na prestação de contas do filme "Chatô - O Rei do Brasil".
Fontes nega as irregularidades -que envolvem R$ 2,5 milhões. Diz que vai entregar ao ministério relatório em que rebate todas as incorreções levantadas.
Documento divulgado na última quarta-feira pelo Ministério da Cultura exige de Fontes a devolução, até 8 de setembro, de R$ 332,5 mil que gastou com empresas consideradas "inidôneas". O ministério também pede explicações sobre despesas de R$ 1,3 milhão -com remessas de dinheiro ao exterior, advogados e pró-labore. O órgão exigiu ainda a transferência para conta bancária de "Chatô" de R$ 926,1 mil utilizados na série de TV "500 Anos de História do Brasil".
"Pelas minhas contas, não terei que devolver nada. No máximo, os R$ 4 mil do saldo negativo (segundo o ministério, R$ 4.978,75 foram usados para cobrir despesas com conta bancária devedora)", disse ontem.
Fontes afirma que não é responsável por empresas consideradas inidôneas -que devem impostos municipais ao governo. Diz que as leis de incentivo à cultura apenas prevêem multas nesse caso. "Que me multem então".
O diretor vai argumentar ao ministério que os R$ 2,5 milhões que teria empregado irregularmente são inferiores aos R$ 3 milhões que ele colocou do próprio bolso no projeto -"Chatô", que continua inacabado, consumiu R$ 11,4 milhões, dos quais R$ 8,5 milhões são verbas públicas, de investidores que utilizaram renúncia fiscal.
"O dinheiro público está salvo. Pela lei, eu teria de colocar só R$ 600 mil no projeto", afirmou.
O cineasta afirma também que a série "500 Anos de História do Brasil" estava prevista no projeto aprovado pelo Ministério da Cultura em 1995. ""500 Anos" é o nome que dei à série. O projeto todo previa um longa-metragem, uma série para TV, oito documentários e comercialização", diz.
Fontes, no entanto, não explicou porque enviou ao exterior R$ 415,7 mil, em 98, para o cineasta Francis Ford Coppola. Ele afirma que Coppola participou do projeto. Em 98, o cineasta veio ao Brasil participar de leitura do roteiro de "Chatô". Coppola também atuou como consultor da Zoebra, empresa de Fontes especializada na finalização de filmes.


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