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Cineasta nega irregularidades apontadas por auditoria do Ministério da Cultura em filme inacabado
Fontes recorre contra auditoria em "Chatô"
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
O diretor de cinema Guilherme
Fontes vai entrar na próxima semana com recurso administrativo, no Ministério da Cultura, contra relatório baseado em auditoria
que apontou 11 irregularidades na
prestação de contas do filme
"Chatô - O Rei do Brasil".
Fontes nega as irregularidades
-que envolvem R$ 2,5 milhões.
Diz que vai entregar ao ministério
relatório em que rebate todas as
incorreções levantadas.
Documento divulgado na última quarta-feira pelo Ministério
da Cultura exige de Fontes a devolução, até 8 de setembro, de R$
332,5 mil que gastou com empresas consideradas "inidôneas". O
ministério também pede explicações sobre despesas de R$ 1,3 milhão -com remessas de dinheiro
ao exterior, advogados e pró-labore. O órgão exigiu ainda a
transferência para conta bancária
de "Chatô" de R$ 926,1 mil utilizados na série de TV "500 Anos de
História do Brasil".
"Pelas minhas contas, não terei
que devolver nada. No máximo,
os R$ 4 mil do saldo negativo (segundo o ministério, R$ 4.978,75
foram usados para cobrir despesas com conta bancária devedora)", disse ontem.
Fontes afirma que não é responsável por empresas consideradas
inidôneas -que devem impostos
municipais ao governo. Diz que
as leis de incentivo à cultura apenas prevêem multas nesse caso.
"Que me multem então".
O diretor vai argumentar ao ministério que os R$ 2,5 milhões que
teria empregado irregularmente
são inferiores aos R$ 3 milhões
que ele colocou do próprio bolso
no projeto -"Chatô", que continua inacabado, consumiu R$ 11,4
milhões, dos quais R$ 8,5 milhões
são verbas públicas, de investidores que utilizaram renúncia fiscal.
"O dinheiro público está salvo.
Pela lei, eu teria de colocar só R$
600 mil no projeto", afirmou.
O cineasta afirma também que a
série "500 Anos de História do
Brasil" estava prevista no projeto
aprovado pelo Ministério da Cultura em 1995. ""500 Anos" é o nome que dei à série. O projeto todo
previa um longa-metragem, uma
série para TV, oito documentários e comercialização", diz.
Fontes, no entanto, não explicou porque enviou ao exterior R$
415,7 mil, em 98, para o cineasta
Francis Ford Coppola. Ele afirma
que Coppola participou do projeto. Em 98, o cineasta veio ao Brasil
participar de leitura do roteiro de
"Chatô". Coppola também atuou
como consultor da Zoebra, empresa de Fontes especializada na
finalização de filmes.
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