São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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GASTRONOMIA

Chile exporta seus novos vinhos para dominar ranking no Brasil

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

O Chile ganhou espaço nos copos dos consumidores do Brasil com vinhos que dificilmente decepcionam e têm uma boa relação custo-benefício. Essas virtudes levaram o país ao primeiro lugar no ranking de goles importados no Brasil. E parece que as adegas do outro lado da cordilheira pretendem manter a sua posição no pódio, já que não param de chegar daquelas bandas exemplares de boa qualidade.
Alguns são de casas mais tradicionais que estão agora com vinhos mais modernos, repaginados. Outros têm como berço vinícolas jovens que não existiam alguns anos atrás.
A Viña Santa Inês/De Martino pertence ao primeiro grupo. Ela foi fundada em 1934 por Pietro de Martino Pascualone, um italiano que chegou ao Chile para continuar com as mesmas atividades que tinha na Itália: a vitivinicultura. A Santa Inês continua hoje em mãos da terceira geração da família De Martino e tem cerca de 300 hectares de vinhedos na região de Maipo, nas cercanias da capital Santiago. O rótulo De Martino Legado Reserva identifica a linha intermediária do seu portfólio e vale a pena conferir alguns dos seus tintos, todos de perfil muscular e com boa concentração, ideais para acompanhar carnes vermelhas.
Entre eles está um carmenère (a cepa emblemática do Chile) safra 2002, de aroma de boa intensidade, tânico na boca, mas com sabor que mostra frutas vermelhas bem combinadas com leve baunilha. E outro 2002, um merlot, de perfume frutado, também encorpado, mas com paladar mais delicado e redondo.
Na ala das vinícolas novas estão a Haras de Pirque e a Viña Leyda. A Viña Haras de Pirque está também sediada no vale do Maipo. Ela foi criada em 1991, quando o empresário Eduardo Matte Rozas adquiriu as terras que hoje abrigam a vinícola com a intenção de dividir a propriedade entre a criação de cavalos puros-sangues e a elaboração de vinhos.
A paixão do dono pelos animais de raça está bem presente tanto no nome da firma como em outras facetas da casa. A cantina, por exemplo, de 5.000 m2, foi construída em forma de uma enorme ferradura, e os seus vinhos básicos ostentam o nome Equus.
Dois deles, aliás, ambos rubros, um carmenère e um cabernet sauvignon, também vinhos robustos, merecem ser provados. Os dois têm no aroma e no sabor as pinceladas de goiaba e eucalipto típicas de boa parte dos tintos do Maipo.
O Equus Cabernet, safra 2001, mostra toques de cassis no nariz, bom paladar e leve amargor no final, enquanto o Carmenère, colheita 2002, menos intenso no aroma, é mais macio e complexo em boca.
Já os tintos da Viña Leyda são uma boa pedida para quem prefere vinhos bem feitos, mas com uma personalidade um pouco mais leve.
Destaque entre eles para o Leyda Reserva Estación Syrah 2002, de bom perfume (ameixa, eucalipto), com bom corpo, mas paladar macio e persistente marcado por um leve defumado, e o Vintage Selection Reserve, outro 2002, corte de uvas cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot, que mostra boa complexidade (framboesa, baunilha, especiaria), textura muito agradável em boca e final persistente marcado por suave chocolate.


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