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GASTRONOMIA
Chile exporta seus novos vinhos para dominar ranking no Brasil
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
O Chile ganhou espaço nos copos dos consumidores do Brasil
com vinhos que dificilmente decepcionam e têm uma boa relação
custo-benefício. Essas virtudes levaram o país ao primeiro lugar no
ranking de goles importados no
Brasil. E parece que as adegas do
outro lado da cordilheira pretendem manter a sua posição no pódio, já que não param de chegar
daquelas bandas exemplares de
boa qualidade.
Alguns são de casas mais tradicionais que estão agora com vinhos mais modernos, repaginados. Outros têm como berço vinícolas jovens que não existiam alguns anos atrás.
A Viña Santa Inês/De Martino
pertence ao primeiro grupo. Ela
foi fundada em 1934 por Pietro de
Martino Pascualone, um italiano
que chegou ao Chile para continuar com as mesmas atividades
que tinha na Itália: a vitivinicultura. A Santa Inês continua hoje em
mãos da terceira geração da família De Martino e tem cerca de 300
hectares de vinhedos na região de
Maipo, nas cercanias da capital
Santiago. O rótulo De Martino Legado Reserva identifica a linha intermediária do seu portfólio e vale
a pena conferir alguns dos seus
tintos, todos de perfil muscular e
com boa concentração, ideais para acompanhar carnes vermelhas.
Entre eles está um carmenère (a
cepa emblemática do Chile) safra
2002, de aroma de boa intensidade, tânico na boca, mas com sabor
que mostra frutas vermelhas bem
combinadas com leve baunilha. E
outro 2002, um merlot, de perfume frutado, também encorpado,
mas com paladar mais delicado e
redondo.
Na ala das vinícolas novas estão
a Haras de Pirque e a Viña Leyda.
A Viña Haras de Pirque está também sediada no vale do Maipo.
Ela foi criada em 1991, quando o
empresário Eduardo Matte Rozas
adquiriu as terras que hoje abrigam a vinícola com a intenção de
dividir a propriedade entre a criação de cavalos puros-sangues e a
elaboração de vinhos.
A paixão do dono pelos animais
de raça está bem presente tanto
no nome da firma como em outras facetas da casa. A cantina, por
exemplo, de 5.000 m2, foi construída em forma de uma enorme
ferradura, e os seus vinhos básicos ostentam o nome Equus.
Dois deles, aliás, ambos rubros,
um carmenère e um cabernet sauvignon, também vinhos robustos,
merecem ser provados. Os dois
têm no aroma e no sabor as pinceladas de goiaba e eucalipto típicas
de boa parte dos tintos do Maipo.
O Equus Cabernet, safra 2001,
mostra toques de cassis no nariz,
bom paladar e leve amargor no final, enquanto o Carmenère, colheita 2002, menos intenso no
aroma, é mais macio e complexo
em boca.
Já os tintos da Viña Leyda são
uma boa pedida para quem prefere vinhos bem feitos, mas com
uma personalidade um pouco
mais leve.
Destaque entre eles para o Leyda Reserva Estación Syrah 2002,
de bom perfume (ameixa, eucalipto), com bom corpo, mas paladar macio e persistente marcado
por um leve defumado, e o Vintage Selection Reserve, outro 2002,
corte de uvas cabernet sauvignon,
cabernet franc e merlot, que mostra boa complexidade (framboesa, baunilha, especiaria), textura
muito agradável em boca e final
persistente marcado por suave
chocolate.
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