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COUNTRY-FOLK
"Early 21st Century Blues", novo álbum da banda canadense, tem releituras de músicas que tratam da guerra
Cowboy Junkies leva o frágil à música de protesto
JULIANA ZAMBELO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O disco que o grupo canadense
Cowboy Junkies acaba de lançar
lá fora é mais do que um registro
sonoro, carregado de protesto social que tem tudo a ver com sua
música: é tímido e aparentemente
frágil, mas carregado dos sentimentos mais intensos.
Formado em Toronto por uma
trinca de irmãos da família Timmins e o baixista Alan Anton, o
Cowboy Junkies há quase 20 anos
transita entre o country e o folk,
com ares entorpecidos.
"Early 21st Century Blues", 13º
trabalho da banda, é um disco
praticamente só de covers em torno de um tema principal -a
guerra- e seus desdobramentos
-o medo, a perda, a violência, a
ignorância.
"Nós quisemos fazer um álbum
que lidasse com a ausência de paz
no mundo, certamente inspirados pela Guerra do Iraque, mas
não só por causa dela", diz Anton.
Mas a crença dos Junkies na capacidade da música pop de resolver os problemas do planeta é
modesta. Para Anton, "a música
tem pouca ou nenhuma influência direta em questões políticas e
sociais, mas pode ajudar a espalhar uma idéia de mobilização e
apoio a certos problemas".
A gravação do disco foi feita em
apenas dez dias. Como ponto de
partida, usaram duas canções
compostas para o álbum anterior
("One Soul Now", de 2004). E, para completar, cada membro da
banda fez uma lista com algumas
de suas canções favoritas.
O resultado é pouco variado e
um tanto previsível, prendendo-se ao cancioneiro norte-americano, mas tudo é rearranjado com
competência, incorporando tais
músicas ao universo particular do
Cowboy Junkies.
Risos no início
O álbum começa com uma gargalhada da vocalista. Anton explica que o ambiente no estúdio era
dos mais tranqüilos. "Acabamos
captando essa risada na gravação
e resolvemos deixá-la abrindo o
disco como um contraponto ao
tema das canções."
O clima muda assim que entram os primeiros versos de "License to Kill", sobre o poder de
destruição do homem, gravada
por Bob Dylan em 1983.
A morte no campo de batalha, o
sofrimento das famílias, o envolvimento de inocentes, a falta de
respeito entre as pessoas nas formas mais básicas de relacionamento, um a um os flagelos vão
sendo expostos.
Entre os momentos mais tensos, "December Skies", com seu
refrão quase cruel ("Vamos matar
nossas crianças e cantar sobre isso"), e "You're Missing", canção
de Bruce Springsteen, encharcada
pela dor da família que perde alguém na guerra.
Conflitos no final
Para fechar o álbum, "One", do
U2, olha para os conflitos nas relações humanas. "Encaro essa canção como um hino espiritual universal", afirma Anton. "É o tipo
de letra que pode ser interpretada
de diversas formas e vai ser poderosa em qualquer uma delas."
O único equívoco do disco é a
inclusão de trechos de rap na versão de "I Don't Want to Be a Soldier", de John Lennon, que interrompe a toada lenta do álbum e
destoa da identidade da banda.
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