São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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crítica

Alan Moore leva sexo a ícones infantis

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alan Moore é considerado um dos maiores roteiristas de quadrinhos da atualidade. Quando escreve, não busca apenas uma boa história.
Foi ele quem iniciou a desconstrução do gênero dos super-heróis. Publicada de 1986 a 87, a minissérie "Watchmen" apresentou personagens que não eram só bons ou só maus. Depois de Moore, os super-heróis jamais seriam os mesmos.
Agora, Moore cria uma história erótica em quadrinhos: "Lost Girls" (garotas perdidas), homenagem aos livros "Aventuras de Alice no País das Maravilhas", "Alice Através do Espelho", "Peter Pan" e "O Mágico de Oz".
Muitos leitores poderão dizer que não se trata de uma homenagem, mas de ofensa: a Alice, a Wendy e a Dorothy desses livros são bem diferentes das que conhecemos.
A história começa quando três senhoras se conhecem em um hotel na Áustria de 1914. Elas ficam amigas, tornam-se amantes e confidenciam experiências sexuais.
O tornado que teria levado Dorothy ao reino mágico de Oz na verdade fez com que ela se masturbasse pela primeira vez. Peter Pan, quando conheceu Wendy, tirou a virgindade da menina enquanto os irmãos dela masturbavam-se um ao outro. E Alice foi estuprada pelo melhor amigo do pai. As revelações não param por aí: sexo oral, surubas, sexo com animais.
Moore busca repetir o que fez com os super-heróis: quebrar tabus. Por isso optou por protagonistas que remetem à infância e à pureza. Depois dele, a literatura erótica jamais será a mesma. Ao menos é esse o objetivo.


LOST GIRLS    
Autores: Alan Moore e Melinda Debbie
Editora: Top Shelf
Quanto: US$ 75 (R$ 161, em média, a caixa com os três volumes)


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