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FIGURINO
Purpurina eleitoral
A estilista Glorinha Kalil foi
chamada no início da campanha pela equipe de José
Serra, seu amigo, para ajudar
no visual do candidato porque ele "estava muito desleixado, usando ternos velhos,
com gravatas que pareciam
trapos". Glorinha proibiu os
ternos de cor "cinza-Deus-me-livre".
O PT também tem uma fada do visual: é Tata Nicoletti.
A produtora, que faz figurino
para anúncios publicitários,
foi contratada por Duda
Mendonça para cuidar do visual de Marisa, mulher de
Lula, José Genoino, Aloizio
Mercadante e Eduardo Suplicy. Seu desafio é zelar para
que, no turbilhão da campanha, eles apareçam bem em
público e na TV. Autorizada
por Duda, ela falou à coluna:
Folha - Você é a "personal
stylist" dos petistas?
Tata - Não é bem isso. Eu faço
figurinos, monto alguns guarda-roupas. A produtora [de
Duda" se responsabiliza por
comprar [as roupas" e tornar
tudo prático. Surge um programa inesperado, a gravação
de um direito de resposta, a
roupa tem que estar à mão. A
pessoa que vem gravar em geral está na rua, em comícios,
carreatas, e não tem tempo de
passar em casa para se trocar.
Folha - Vamos começar pela
Marisa.
Tata - Montei um guarda-roupa prático e cuido dele. Algumas roupas ficam na casa
dela. Ela usa, me manda e eu
mando lavar. Tem de tailleur a
calça de linho. Para ir a carreatas, calça esporte, um conjunto
de malha, camisas. A Marisa
gosta do casual, é uma pessoa
muito simples.
Folha - Do que ela não gosta?
Tata - De brilho. No começo,
eu levava para ela uma blusinha da moda, e ela dizia: "Ah,
isso eu não gosto". Tudo de
bom, entendeu? Não gosta de
brilho, fica mais fácil. Ela adora um terninho. Está com calça, sempre arrumada, facilita a
vida. Mas às vezes, coitada, ela
é pega de surpresa e vai do jeito
que está.
Folha - Ela gosta de usar vermelho?
Tata - Ela evita porque tem a
pele clara. Ela gosta e fica muito bem de azul. Bege a Marisa
quase não usa. É uma cor ingrata, você há de concordar.
Folha - Qual é a diferença entre o guarda-roupa que ela já tinha e o que você providenciou?
Tata - Eu acrescentei algumas
estampas modernas, e que não
são berrantes. Como ela é muito simples, não é de errar muito, sabia? Ela quer ficar à vontade, se sentir bem.
Folha - Você opinou sobre cabelo ou maquiagem?
Tata - Maquiagem, sim. Eu
sugeri que a maquiadora [da
produtora" desse uma aula para a Marisa, porque passar o
básico para sair na rua é uma
coisa; aparecer na TV é outra,
concorda? Onde ela vai tem televisão. Precisa de mais um
pozinho, um rímel, um corretivo. Em geral mulheres como
nós, práticas, nunca têm nada
na bolsa, não é? A Marisa tem
que estar com o mínimo para
se virar.
Folha - E o Suplicy?
Tata - Ele tem bastante roupa. Quando vai gravar, eu passo na casa dele e pego. Ele tem
muita roupa escura, tento variar. O Suplicy é aquele jeitinho: camisa branca, azul clara,
uma gravata que não seja muito apagada.
Folha - E o Mercadante?
Tata - Ele se veste muito bem.
Ele não usava muito camisa esporte, começou a usar e gostou. É o contrário do Genoino.
Folha - Por quê?
Tata - Abrir camisa social e ficar andando na rua: não pode,
aquela gola enorme, de gravata, fica faltando alguma coisa.
O Genoino faz muito isso. O
Mercadante, não. Outra coisa:
paletó e camisa sem gravata.
Pelo amor de Deus, não faz
(rindo)! Mas ele fala: "Eu não
tenho tempo de pensar nisso".
Eu brinco: "Genoino, o seu
Ibope vai lá para baixo e o meu
vai junto". Para ele, fiz um
guarda-roupa, para TV. Mas,
quando sei que ele tem um
compromisso formal e depois
vai para a rua, eu coloco uma
camisa esporte no carro e
mando correndo.
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