São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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FIGURINO

Purpurina eleitoral

A estilista Glorinha Kalil foi chamada no início da campanha pela equipe de José Serra, seu amigo, para ajudar no visual do candidato porque ele "estava muito desleixado, usando ternos velhos, com gravatas que pareciam trapos". Glorinha proibiu os ternos de cor "cinza-Deus-me-livre".

O PT também tem uma fada do visual: é Tata Nicoletti. A produtora, que faz figurino para anúncios publicitários, foi contratada por Duda Mendonça para cuidar do visual de Marisa, mulher de Lula, José Genoino, Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy. Seu desafio é zelar para que, no turbilhão da campanha, eles apareçam bem em público e na TV. Autorizada por Duda, ela falou à coluna:

Folha - Você é a "personal stylist" dos petistas?
Tata -
Não é bem isso. Eu faço figurinos, monto alguns guarda-roupas. A produtora [de Duda" se responsabiliza por comprar [as roupas" e tornar tudo prático. Surge um programa inesperado, a gravação de um direito de resposta, a roupa tem que estar à mão. A pessoa que vem gravar em geral está na rua, em comícios, carreatas, e não tem tempo de passar em casa para se trocar.

Folha - Vamos começar pela Marisa.
Tata -
Montei um guarda-roupa prático e cuido dele. Algumas roupas ficam na casa dela. Ela usa, me manda e eu mando lavar. Tem de tailleur a calça de linho. Para ir a carreatas, calça esporte, um conjunto de malha, camisas. A Marisa gosta do casual, é uma pessoa muito simples.

Folha - Do que ela não gosta?
Tata -
De brilho. No começo, eu levava para ela uma blusinha da moda, e ela dizia: "Ah, isso eu não gosto". Tudo de bom, entendeu? Não gosta de brilho, fica mais fácil. Ela adora um terninho. Está com calça, sempre arrumada, facilita a vida. Mas às vezes, coitada, ela é pega de surpresa e vai do jeito que está.

Folha - Ela gosta de usar vermelho?
Tata -
Ela evita porque tem a pele clara. Ela gosta e fica muito bem de azul. Bege a Marisa quase não usa. É uma cor ingrata, você há de concordar.

Folha - Qual é a diferença entre o guarda-roupa que ela já tinha e o que você providenciou?
Tata -
Eu acrescentei algumas estampas modernas, e que não são berrantes. Como ela é muito simples, não é de errar muito, sabia? Ela quer ficar à vontade, se sentir bem.

Folha - Você opinou sobre cabelo ou maquiagem?
Tata -
Maquiagem, sim. Eu sugeri que a maquiadora [da produtora" desse uma aula para a Marisa, porque passar o básico para sair na rua é uma coisa; aparecer na TV é outra, concorda? Onde ela vai tem televisão. Precisa de mais um pozinho, um rímel, um corretivo. Em geral mulheres como nós, práticas, nunca têm nada na bolsa, não é? A Marisa tem que estar com o mínimo para se virar.

Folha - E o Suplicy?
Tata -
Ele tem bastante roupa. Quando vai gravar, eu passo na casa dele e pego. Ele tem muita roupa escura, tento variar. O Suplicy é aquele jeitinho: camisa branca, azul clara, uma gravata que não seja muito apagada.

Folha - E o Mercadante?
Tata -
Ele se veste muito bem. Ele não usava muito camisa esporte, começou a usar e gostou. É o contrário do Genoino.

Folha - Por quê?
Tata -
Abrir camisa social e ficar andando na rua: não pode, aquela gola enorme, de gravata, fica faltando alguma coisa. O Genoino faz muito isso. O Mercadante, não. Outra coisa: paletó e camisa sem gravata. Pelo amor de Deus, não faz (rindo)! Mas ele fala: "Eu não tenho tempo de pensar nisso". Eu brinco: "Genoino, o seu Ibope vai lá para baixo e o meu vai junto". Para ele, fiz um guarda-roupa, para TV. Mas, quando sei que ele tem um compromisso formal e depois vai para a rua, eu coloco uma camisa esporte no carro e mando correndo.



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