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POPLOAD
Confusão, confusão
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
O que você está para ler pode
chocar. Portanto, esteja preparado. A história envolve o Radiohead.
Que a banda é a principal formação de rock do planeta, hoje,
(quase) ninguém tem dúvida.
Mas o que todo mundo (mesmo)
tem muita dúvida é sobre que tipo
de som esquisito é aquele que o
grupo faz.
Qual o estilo? Onde se enquadra? Por que fazem isso hoje?
O Thom Yorke é mesmo um
terráqueo?
Este colunista, que adora rotular coisas, bandas e músicas, fica
meio perdido diante de tantas
perguntas.
Também fica o jornalista Rob
Harvilla, do jornal "East Bay Express", semanário que cobre algumas regiões de San Francisco, na
Califórnia.
A banda ia tocar na área e o jornal queria encontrar um modo
diferente de fazer a apresentação
do grupo para seus leitores.
Harvilla começou um texto de
duas semanas atrás dizendo que
não é possível ter uma opinião
original sobre o Radiohead.
Os endeusados álbuns da banda, as críticas sempre em dessintonia dos especialistas pop, as entrevistas intrigantes, as fotos nunca normais, o website estranhíssimo...
Diz Harvilla que, quando você
ouve o Radiohead, você não está
na verdade ouvindo o Radiohead.
Você está ouvindo a opinião de
todo o mundo sobre a banda Radiohead.
Ele defende que é impossível separar o que você ouve do que você
lê. E no caso do Radiohead, lê-se
bastante, exatamente pela curiosidade de saber o que outra pessoa
achou do Radiohead. Dito tudo
isso, vem o seguinte:
O "East Bay Express", atrás de
uma opinião honesta, insuspeita e
não influenciada sobre o Radiohead, teve a idéia de tentar encontrar o "significado" do grupo
mostrando suas músicas para
crianças de idades entre nove e 12
anos, alunos de uma escola de nível primário de San Leandro, na
Califórnia.
Lápis e papel
O jornal fez uma seleção de algumas canções que marcaram a
carreira da banda até hoje e municiaram a meninada com lápis e
papel em branco. O proposto foi
que as crianças, que nunca tinham ouvido falar do Radiohead
-ou de Thom Yorke, ou algumas
de suas canções-, ouvissem as
músicas e fossem desenhando no
papel o que as canções sugerissem
para elas. Que desenhassem o que
viesse à cabeça.
Tocaram de "Everything in Its
Right Place" a "Creep", the "There There" a "The Bends". E, fácil, a
estranhíssima "Paranoid Android" também estava no playlist
passado aos alunos.
Segundo o relato, nas cinco primeiras músicas a criançada quase
nem se moveu. E a cara era de perturbação, confusão. Nas que tinham uma introdução instrumental muito grande, na hora em
que aparecia o vocal torturado de
Yorke a molecada ria. Ria nervosamente. Aos poucos, foram desenhando.
O resultado final pode ser visto
no www.eastbayexpress.com/,
na parte de música. Muitos dos
desenhos (em um total de 30) serviriam bem para ser uma capa de
disco do Radiohead.
E um número grande deles remetiam a mortes, ao suicídio, a
tempestades. Em um desenho
maluco tinha a figura de um ET.
lucio@uol.com.br
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