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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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POPLOAD

Confusão, confusão

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

O que você está para ler pode chocar. Portanto, esteja preparado. A história envolve o Radiohead.
Que a banda é a principal formação de rock do planeta, hoje, (quase) ninguém tem dúvida. Mas o que todo mundo (mesmo) tem muita dúvida é sobre que tipo de som esquisito é aquele que o grupo faz.
Qual o estilo? Onde se enquadra? Por que fazem isso hoje?
O Thom Yorke é mesmo um terráqueo?
Este colunista, que adora rotular coisas, bandas e músicas, fica meio perdido diante de tantas perguntas.
Também fica o jornalista Rob Harvilla, do jornal "East Bay Express", semanário que cobre algumas regiões de San Francisco, na Califórnia.
A banda ia tocar na área e o jornal queria encontrar um modo diferente de fazer a apresentação do grupo para seus leitores.
Harvilla começou um texto de duas semanas atrás dizendo que não é possível ter uma opinião original sobre o Radiohead.
Os endeusados álbuns da banda, as críticas sempre em dessintonia dos especialistas pop, as entrevistas intrigantes, as fotos nunca normais, o website estranhíssimo...
Diz Harvilla que, quando você ouve o Radiohead, você não está na verdade ouvindo o Radiohead. Você está ouvindo a opinião de todo o mundo sobre a banda Radiohead.
Ele defende que é impossível separar o que você ouve do que você lê. E no caso do Radiohead, lê-se bastante, exatamente pela curiosidade de saber o que outra pessoa achou do Radiohead. Dito tudo isso, vem o seguinte:
O "East Bay Express", atrás de uma opinião honesta, insuspeita e não influenciada sobre o Radiohead, teve a idéia de tentar encontrar o "significado" do grupo mostrando suas músicas para crianças de idades entre nove e 12 anos, alunos de uma escola de nível primário de San Leandro, na Califórnia.

Lápis e papel
O jornal fez uma seleção de algumas canções que marcaram a carreira da banda até hoje e municiaram a meninada com lápis e papel em branco. O proposto foi que as crianças, que nunca tinham ouvido falar do Radiohead -ou de Thom Yorke, ou algumas de suas canções-, ouvissem as músicas e fossem desenhando no papel o que as canções sugerissem para elas. Que desenhassem o que viesse à cabeça.
Tocaram de "Everything in Its Right Place" a "Creep", the "There There" a "The Bends". E, fácil, a estranhíssima "Paranoid Android" também estava no playlist passado aos alunos.
Segundo o relato, nas cinco primeiras músicas a criançada quase nem se moveu. E a cara era de perturbação, confusão. Nas que tinham uma introdução instrumental muito grande, na hora em que aparecia o vocal torturado de Yorke a molecada ria. Ria nervosamente. Aos poucos, foram desenhando.
O resultado final pode ser visto no www.eastbayexpress.com/, na parte de música. Muitos dos desenhos (em um total de 30) serviriam bem para ser uma capa de disco do Radiohead.
E um número grande deles remetiam a mortes, ao suicídio, a tempestades. Em um desenho maluco tinha a figura de um ET.

lucio@uol.com.br


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