São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004
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BALÉ Brasileira fará sua primeira apresentação para a companhia britânica na quarta-feira, na Ópera de Paris Roberta Marquez dança no primeiro time do Royal Ballet
A bailarina carioca Roberta Marquez, que nesta semana se apresenta para o inglês Royal Ballet ÉRICA FRAGA DE LONDRES Antes mesmo de estrear como primeira bailarina do Royal Ballet de Londres, uma das mais importantes companhias do mundo, a brasileira Roberta Marquez já desfruta o sucesso internacional. Foi convidada para dançar com o bailarino argentino Julio Bocca e a estrelar uma campanha publicitária da marca norte-americana Mirella, uma das mais badaladas no mundo da dança. Marquez também já conquistou fãs no Reino Unido. Guarda uma caixa de sapatos lotada de cartas de admiradores que viram suas apresentações como convidada do Royal desde o ano passado. Ela, aos 27 anos, já se tornou história no balé brasileiro. É a primeira bailarina com formação completada unicamente em escolas brasileiras a virar estrela de uma grande companhia internacional. Muitos dizem que, depois da lendária Marcia Haydée, 67, ninguém foi tão longe como Marquez. "Foi uma benção o que aconteceu comigo", diz, em entrevista no camarote que divide com a bailarina e colega argentina Marianela Nunez, no último dia 15. Além do prestígio, a ida para Londres vai significar uma reviravolta financeira na vida de Marquez. Acostumada com os baixos salários que acompanham sua profissão no Brasil, ela conta -um pouco envergonhada- que, agora, poderá viver bem, apesar de "Londres ser caríssima", e ainda juntar dinheiro. "Não é que nem jogador de futebol [risos], que fica rico do dia para a noite e compra Ferrari. Mas o salário é bastante bom. No Brasil, era bastante complicado", diz ela, que chegou a Londres há três semanas. Organização Além do salário do Royal, Marquez também vai faturar com apresentações já acertadas com outras companhias, como o American Ballet Theatre, onde já dançou como convidada. Dalal Achcar, empresária e madrinha da carioca, também negocia um convite para ela se apresentar com Julio Bocca em janeiro do próximo ano. Mas, talvez, a bailarina não possa aceitar o convite -nas palavras dela, maravilhoso- por causa da agenda do Royal Ballet. "A organização aqui é incrível. Tenho a minha tabela feita até julho do ano que vem. No Brasil, é bastante complicado, você só sabe quando vai dançar na semana", diz a carioca. No contrato com o Royal está reservada a possibilidade de Marquez poder dançar uma temporada por ano no Brasil. Encanto Para esse contrato ter virado realidade, o talento da bailarina foi somado ao empurrão de Dalal Achcar, ex-diretora do Teatro Municipal. Em 2001, Dalal convidou a coreógrafa russa Natalia Makarova, do Royal Ballet, para montar "La Bayadère". Makarova se encantou com a bailarina e a convidou para estrelar "A Bela Adormecida", em janeiro de 2003, pelo Royal, quando a intérprete que faria o papel da personagem Aurora ficou grávida. Depois disso, os convites não pararam. Ela chegou a representar a companhia inglesa, em apresentações em Moscou, e, na virada de 2003 para 2004, na montagem do espetáculo "Gisele", a brasileira ganhou de vez a atenção da direção do Royal. Logo depois das apresentações, a diretora da companhia, Monica Mason, chamou Marquez para uma conversa e pediu que a bailarina -que diz ter um inglês ainda "ruinzinho"- levasse seu marido, o também bailarino André Valadão, para traduzir a conversa. Era o convite definitivo para a brasileira integrar o time de primeiras bailarinas da companhia britânica. A estréia da brasileira acontecerá na Ópera de Paris, na próxima quarta-feira, na montagem da peça "The Two Pigeons" (Os dois pombos). Em Londres, a primeira apresentação de Marquez como primeira bailarina do Royal começará com o balé "A Wedding Bouquet" (Um buquê de casamento), em 27 de outubro. Os dois balés são do coreógrafo britânico Frederick Ashton. Texto Anterior: Novelas da semana Próximo Texto: Panorâmica - Personalidade: Escritor é internado no Rio Índice |
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