MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo fã de quadrinhos já ouviu falar em "Watchmen", a obra escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons que é um dos divisores de águas do gênero. Um número bem menor é o de leitores que têm a obra, que ganhou apenas duas edições no Brasil, em 1989 e 1999. Após seis anos e uma série de adiamentos, surge uma nova chance de conhecer esse clássico, com o lançamento, neste mês, da terceira edição, publicada em três volumes pela Via Lettera.
Moore imaginou o que aconteceria se o mundo real fosse habitado pelos super-heróis -com a significativa diferença de que seus personagens heróicos, em sua maioria, não têm superpoderes: são pessoas comuns, bem treinadas e bem equipadas, mas todas com preocupações, neuroses, problemas e uma profundidade psicológica nunca vista nos mascarados das HQs até então.
A história se passa em 1985, oito anos depois de a atividade dos vigilantes mascarados ter sido tornada ilegal por um decreto político. O diário de Rorschach, herói cujo nome remete ao teste psicológico representado por sua máscara, guia a trama principal: a partir do assassinato do Comediante, um vigilante sanguinário e amoral que trabalhava para o governo dos EUA, começa a se desmascarar uma trama para matar os ex-heróis, então aposentados.
Ao roteiro detetivesco, Moore acrescenta inúmeras referências à política e ao medo da guerra atômica que permeava a época, além de análises psicológicas de seus heróis e uma discussão filosófica sobre ética e moral.
A edição lançada pela Via Lettera não traz as citações originais em inglês -de canções, poemas e da Bíblia- que encerram os capítulos da série, tampouco diversos dos nomes originais que, na primeira edição, eram mantidos e acompanhados de um curioso guia de pronúncia. Apesar de condensar em três volumes a série que, originalmente, tinha 12, todas as capas foram mantidas.