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CINEMA
'Indie' americano brilha na MostraRio
AMIR LABAKI
enviado especial ao Rio
O cinema independente americano roubou a cena na 9ª MostraRio, que vive seus últimos quatro
dias.
Não que a concorrência tenha sido fraca. O festival carioca reuniu
neste ano sua melhor seleção. O
sensível aumento de público (cerca de 20% no primeiro final de semana) foi só consequência.
O mito da decadência da geração
Sundance veio abaixo. Três dos
mais originais títulos do evento
participaram neste ano do festival
de cinema criado por Robert Redford em 1985.
Dois deles, assinados por estreantes, têm hoje sua última projeção no Rio: "Na Companhia dos
Homens", de Neil LaBute, e "O
Mito das Impressões Digitais", de
Bart Freundlich. É bom correr,
pois eles ainda não têm distribuição comercial garantida.
O terceiro marcou uma das voltas por cima do ano nos Estados
Unidos.
A comédia romântica "Procura-se Amy" custou US$ 250 mil e
já passou dos US$ 10 milhões. Marca o retorno do jovem Kevin Smith
à produção independente, de onde
saíra ao explodir com "O Balconista", em 1993. Não passa mais
no festival, mas deve estrear no
início do mês que vem.
Três outros títulos egressos do
Sundance fazem parte do excepcional ciclo "Expectativas 97", da
9ª MostraRio.
"Domingo É Dia", de Jonathan
Nossiter, será exibido neste final
de semana e chega com a recomendação do prêmio de melhor ficção
do Sundance-97.
"Amores Ilícitos", de Michael
Oblowitz, revelou-se um policial
"noir" de marcada sensualidade,
enquanto o drama familiar "Little
Boy Blue" conquistou os menores
elogios do lote.
É uma segunda onda de cineastas
independentes que pede hoje passagem.
A primeira turma da geração
Sundance explodiu há cerca de dez
anos. Os nomes são hoje bastante
conhecidos: Jim Jarmusch, Spike
Lee, os irmãos Coen, Hal Hartley,
Steven Soderbergh.
Alguns aliaram-se à grande indústria (Coen, Lee), outros preferiram encontrar um nicho à margem (Hartley, Jarmusch).
Ponte
Kevin Smith, revelado há quatro
anos, faz um pouco a ponte entre
os dois grupos. Tanto é assim que
bate continência a Jarmusch e
Hartley como os cineastas que
mais o influenciaram. Na mesma
posição dele, estão nomes como
Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
Outra ponte é a produtora nova-iorquina Good Machine, de James Schamus e Ted Hope. Foram
eles que bancaram os primeiros
passos de diretores como Todd
Haines ("Veneno").
A consagração veio em 1993,
com o Urso de Ouro para "Banquete de Casamento", de Ang Lee.
Desde então, dividem o tempo entre projetos de vulto, como "Tempestade de Gelo" ("The Ice
Storm"), premiado em Cannes-97, e novas apostas, como "O
Mito das Impressões Digitais".
A margem de acerto é impressionante.
O crítico Amir Labaki viajou a convite da organização do festival.
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