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Comentário
Drum'n'bass é o mais autocentrado e exigente gênero da dance music
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Então o d+b, que estava
fazendo hora extra no
mundo, bateu as botas.
Faltou avisar a molecada que
voltou a armar fila quilométrica no Lov.e, em São Paulo, para
assistir a Marky e convidados;
faltou avisar a Fabio e Grooverider, ingleses que estão firmes
e fortes aos sábados à noite comandando programa de d+b na
Radio 1; faltou avisar a Annie
Mac, Mary Anne Hobbs e Pete
Tong, outros DJs da Radio 1
(www.bbc.co.uk/radio1/),
hoje a rádio pop mais importante do planeta; faltou avisar
ao trio australiano Pendulum,
que mistura d+b com rock; faltou avisar ao irlandês Calibre,
produtor das melhores coisas
da dance music hoje; faltou...
Talvez a sensação de que o
drum'n'bass estivesse moribundo tenha vindo do fato de o
gênero ter sido adotado maciçamente, no Brasil, pela periferia; tornou-se meio "maldito"
para os clubes, organizadores
de festas e até para a imprensa.
Também, ou devido a isso, o
d+b é o gênero mais autocentrado da música eletrônica.
Funciona como um universo à
parte do tecno, da house, do
electro e do trance, com suas
festas, visual e regras próprios
-suas batidas são quebradas,
sincopadas, e não lineares como o que se encontra no restante da dance music.
O público de d+b é mais exigente do que o público médio
da dance music. Um DJ como
Marky toca vários "white labels" -faixas produzidas em
escala pequena, para serem
testadas nas pistas, muito antes do lançamento comercial.
E, além de tocar músicas novas, frescas, devem dar espetáculo -um bom DJ de d+b não
se contenta apenas em deixar
uma faixa rolando; deve desconstruí-la, colocar efeitos, fazer scratches; tudo isso sem
deixar cair o ritmo da pista.
Por fim, o d+b não apenas
não morreu como está em todo
lugar; nos remixes roqueiros
do High Contrast, no grime e
Lady Sovereign, no pop da Lily
Allen...
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