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Primeira vez resulta em road movie irregular
da Equipe de Articulistas
"Loucos do Alabama" não
atrairia tanta atenção se não fosse
dirigido por Antonio Banderas e
estrelado por sua mulher, Melanie Griffith.
Afastadas as expectativas, positivas ou negativas, que o nome
dos dois astros pode suscitar, sobra um filme simpático, que investe ao mesmo tempo em dois
gêneros -o "road movie" cômico e o melodrama social-, com
resultados desiguais.
A história, baseada num romance de Mark Childress, é ambientada no início de 1965.
No Alabama, sul dos EUA, Lucille (Melanie Griffith), desmiolada
mãe de sete filhos, acaba de matar
o marido com veneno de rato e
cortar-lhe a cabeça.
Ela deixa as crianças com a avó,
faz um pacto de cumplicidade
com o sobrinho favorito, Peejoe
(Lucas Black), e parte (com a cabeça do marido na bagagem) para
a Califórnia, onde pretende ser estrela de cinema e TV.
Como a história é narrada em
"off" por Peejoe, de 12 anos, esse
início tem o saboroso humor negro de uma fábula infantil.
A narrativa então se divide em
duas linhas paralelas. Numa delas, na estrada, Lucille perpetra
uma sucessão de barbaridades,
movida por uma inocência quase
infantil. Esse pólo da ação é o do
princípio do prazer.
A ele se contrapõe o do princípio da realidade, dominante no
drama de Peejoe, que testemunha
a brutalidade racista do xerife local, mas se vê impotente para
combatê-la. É um esboço de "romance de formação".
Não deixa de haver aqui uma
inversão interessante de expectativas: o personagem adulto (Lucille) move-se por uma lógica infantil, e o pré-adolescente (Peejoe), por uma lógica adulta.
O problema é que Banderas parece não ter encontrado um ponto de equilíbrio entre as duas vertentes. Parecem dois filmes distintos, que só se comunicam entre
si quando Lucille telefona para o
sobrinho, cada vez de um ponto
do país: Nova Orleans, Las Vegas,
Los Angeles.
Enquanto mostra a trajetória
descabelada de Lucille, o filme
tem um frescor, uma malícia e um
descaramento que o tornam uma
mistura da latinidade subversiva
de Pedro Almodóvar com o charme da "new wave" nova-iorquina
de 15 anos atrás.
Porém, quando se lembra de ser
"sério", Banderas deixa-se esmagar pelo peso de seus graves temas: o racismo e a opressão da
mulher. Esses assuntos são tratados com o sentimentalismo demagógico dos mais convencionais melodramas americanos,
com direito a cenas de tribunal,
catarse e final feliz.
Ainda assim, tapando um pouco os ouvidos para a música melosa e os olhos para os clichês dramáticos, é possível resistir até a
emblemática imagem final.
É óbvio que o filme foi concebido, em grande parte, como uma
homenagem de Banderas a sua
mulher Melanie Griffith, e é com
essa chave que podem ser lidas
determinadas piadas internas.
Quando chega a Hollywood,
Lucille quase recebe um convite
para trabalhar num filme de
Hitchcock. Ora, a estrela dos dois
filmes que Hitchcock havia acabado de lançar -"Os Pássaros" e
"Marnie"- tinha sido Tippi Hedren, mãe de Melanie Griffith.
E quando Lucille desfila seu rosário de queixas contra o marido
no tribunal, muita gente pensa no
ex da atriz, o ator Don Johnson.
(JOSÉ GERALDO COUTO)
Avaliação:
Filme: Loucos do Alabama
Título original: Crazy in Alabama
Diretor: Antonio Banderas
Produção: EUA, 1999
Com: Melanie Griffith, Lucas Black, David
Morse, Rod Steiger
Quando: a partir de hoje, nos cines Belas
Artes Cândido Portinari, Iguatemi 1,
Internacional Guarulhos 13, Market
Place 3, Paulista 4, Tamboré 5, UCI
Jardim Sul 3 e circuito
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