São Paulo, quinta, 26 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEMÓRIA
Instituição abre, a partir de hoje no Rio, acervo com 22 peças do mobiliário do autor de "Dom Casmurro"
ABL expõe acervo com móveis de Machado

Rosane Marinho/Folha Imagem
Móveis de Machado de Assis expostos, a partir de hoje, na ABL, no Rio


GUSTAVO AUTRAN
da Sucursal do Rio

Conhecida como a casa de Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras está honrando o apelido. A partir de hoje, a instituição exibe um acervo de 22 móveis do escritor carioca.
O acervo ficará incorporado ao patrimônio da ABL pelos próximos 25 anos, em regime de comodato. No término do prazo, eles serão devolvidos para a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que os comprou de uma herdeira do escritor em 1979.
Os móveis decoravam a casa de Machado de Assis (1839-1908) no Cosme Velho (zona sul do Rio). Entre as peças que ficarão expostas, estão dois armários, uma mesa de jantar com dez cadeiras, um lavatório e um jogo de xadrez.
Os móveis se encontravam em péssimo estado de conservação. Eles foram restaurados por uma equipe técnica liderada pelo museólogo Luiz Anselmo Maciel Filho. A exibição marca a inauguração da galeria Manuel Bandeira.
"O trabalho de recuperação foi exaustivo. A estrutura de madeira por pouco não ficou comprometida", contou Maciel Filho.
O caminho até a academia foi longo. Depois da morte do escritor, as peças foram herdadas por sua sobrinha, Laura Leitão de Carvalho. Temendo que a coleção fosse destruída com o tempo, ela ofereceu os móveis para o escritor Eduardo Portella, em 1979, na época ministro da Educação e Cultura.
Os móveis passaram a enfeitar os mais diversos ambientes. Primeiro foram para o campus da UFRJ. Mais tarde, o escritor Guilherme de Figueiredo conseguiu deslocar o acervo para a Uni-Rio (Universidade do Rio de Janeiro), da qual era reitor. Anos mais tarde, os móveis foram desmontados e espalhados pela universidade. A cama de Machado de Assis, por exemplo, passou um longo período encostada no vestiário das faxineiras.
Maciel Filho acredita que a recuperação dos móveis do escritor resgata um pouco da história do Rio do final do século passado. "O mobiliário permite a visualização do modo de vida do escritor."
A intenção dos restauradores é criar um centro de referência sobre a obra de Machado de Assis, em 99, capaz de conter todas as publicações feitas sobre o escritor.
Os móveis vêm acompanhados por peças de arte que pertenceram ao escritor, como o quadro "A Dama do Livro", de Roberto Fontana.
A academia aproveita a exposição para lançar os três primeiros livros da série "Comunicação Técnica". Um deles é "Rua Cosme Velho, 18: Relato de Restauro do Mobiliário de Machado de Assis".
²
O quê: exibição dos móveis que pertenceram a Machado de Assis Quando: de 2ª a 6ª, das 13h às 18h Onde: galeria Manuel Bandeira, no primeiro andar da ABL (avenida Presidente Wilson, 203, centro do Rio) Quanto: entrada franca


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.