da Equipe de Articulistas

O que mais chama a atenção, entre os 44 selecionados deste ano do festival, é a heterogeneidade.
A uma grande diversidade de meios -computação gráfica, animação convencional, colorização de fotos, filme de 16 e 35 milímetros, videoarte- corresponde uma igualmente ampla variedade de gêneros: comédias, clipes musicais, documentários, ficções.
Poucos são os trabalhos que conseguem se adequar de fato ao espírito de síntese do formato, aliando uma idéia original a uma forma criativa. Entre os resultados mais interessantes está, por exemplo, a animação com objetos "Fast Food", dos brasileiros Diego De Godoy e Rodrigo Pesavento.
Numa pia suja de cozinha, uma lata de sardinhas e um abridor de latas protagonizam uma paródia deliciosa da celebérrima cena do chuveiro em "Psicose".
Num registro bem diverso, outro trabalho notável é o filme "Brincadeira de Criança", da brasileira Lea Van Steen, que coloca em cena um pivete, um motorista e uma arma num cruzamento urbano.
Os dois desenhos animados franceses da série "Les Sales Blagues", de Philippe Vuillemin e Francis Nielsen, exploram os limites do grotesco. Um deles, inspirado no universo do cartunista Robert Crumb, mostra uma mulher obesa tentando usar um supositório.
Merecem destaque os brasileiros "White Poney" e "Puerperium".
O primeiro, assinado por Carolina Jabor, Mini Kerk, Maurício Pacheco, Domenico Lammelootti e Quito Ribeiro, lança mão da montagem para tornar hilariante e absurda uma corrida de cavalos.
Já "Puerperium", de Isabel Jaguaribe e Mini Kerti, usa a distorção da imagem e do som para transformar em pesadelo os transtornos de uma mãe após o parto.
Mas o trabalho mais completo, em que a realização formal está a serviço de uma idéia forte e clara, talvez seja "Navio Negreiro", do brasileiro Fernando Mozart, em que um figurante da gravura "Negros no Porão do Navio", de Rugendas, transforma-se, pela mágica do desenho animado, em ninguém menos que Pelé. (JGC)


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