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PERSONALIDADE
Astro dos filmes 'Os Sete Samurais' e 'O Homem Mau Dorme Bem', de Akira Kurosawa, tinha 77 anos
Morre Toshiro Mifune, ator fetiche do Japão
especial para a Folha
O ator Toshiro Mifune, uma das
maiores estrelas do cinema japonês, morreu na última terça-feira
aos 77 anos.
Os familiares de Mifune não divulgaram a causa da morte, mas,
segundo informações não oficiais,
o ator estava muito doente.
Nascido em 1º de abril de 1920,
na China, de pais japoneses, Mifune tinha intenção de trabalhar como fotógrafo de cinema. Seus planos mudaram depois de receber
um prêmio dos estúdios Toho (em
1946), que lhe permitiu atuar em
um filme.
Dois anos depois encontrou pela
primeira vez o cineasta Akira Kurosawa.
Começa então sua longa carreira
e estrelato, abandonada em 1992
após ter sofrido um ataque cardíaco. Na época, disse que era o momento para uma retirada.
Para a crítica japonesa, Mifune
(um homem fisicamente notável,
elegância e "porte estóico") ofereceu a Kurosawa uma série de possibilidades que os atores de formação clássica não poderiam dar.
Depois do reconhecimento no
Japão, a fama de Mifune chegou ao
Ocidente por meio de festivais internacionais de cinema. Rapidamente seu rosto e gestos foram tomados como símbolos do Japão.
Passou a atuar em filmes norte-americanos, quase sempre representando um militar nipônico.
Em 1963, Mifune passou a produzir filmes para o cinema e televisão japonesa. Um ano após esse
seu projeto, chegou a dirigir um
filme: "O Legado dos 500 Mil".
Nenhum ator encarnou a imagem do Japão no Ocidente melhor
que Toshiro Mifune.
Sobretudo em sua parceria de 15
filmes com Kurosawa, Mifune impôs-se com frequência como o samurai cujo espírito valente convivia com um lado ao mesmo tempo
aventureiro e folgazão.
Nesse sentido, Mifune foi o ator
dos "novos tempos": ensinou o
Ocidente a ver no japonês algo
mais além do fanático consagrado
pelos filmes de guerra americanos
da Segunda Guerra Mundial e
mesmo do pós-guerra.
Em termos de recepção no Ocidente, Toshiro Mifune deixou na
sombra outros grandes atores nipônicos, a começar por Takashi
Shimura, outro parceiro frequente
de Kurosawa, mas também Tatsuya Nakadai (da última fase de Kurosawa) ou Rentaro Mikune.
Esse caráter de ícone do Japão
bravo e simpático -aliado, enfim,
do mundo ocidental- permitiu a
Mifune realizar filmes significativos no cinema americano, a começar por "Inferno no Pacífico", de
John Boorman. Também não se
pode esquecer a pequena participação na comédia "1941", de Steven Spielberg, entre outros.
Talvez seja o caso de lembrar um
Toshiro Mifune que ficou menos
conhecido: o de "O Homem Mau
Dorme Bem", também de Kurosawa (possivelmente o melhor filme
desse diretor), em que trocou esse
aspecto ligeiramente caricatural
por uma atuação contida e rigorosa, mas não menos contundente.
Com Toshiro Mifune morre o
ator que melhor soube comunicar
a nós as qualidades técnicas e a intensidade do ator japonês.
(INÁCIO ARAÚJO)
Com agências internacionais
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