São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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Crise financeira global não abala agenda erudita

Em SP, Cultura Artística, Osesp e Mozarteum mantêm suas programações, apesar da alta registrada pelo dólar e pelo euro

Embora haja incertezas em órgãos do Estado, como o Teatro Municipal, boa parte das atrações estrangeiras já está confirmada para 2009


JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As três principais temporadas de música de câmara e sinfônica em São Paulo -Cultura Artística, Osesp e Mozarteum- já estavam programadas antes da crise financeira global. Os programas são mantidos, apesar da cotação maior das moedas que remuneram os músicos estrangeiros. "Não tivemos nenhum problema com a temporada, e as negociações com os músicos e os patrocinadores correm bem tranqüilas", afirma, por exemplo, Sabine Lovatelli, do Mozarteum.
De certo modo, empresas patrocinadoras têm certa folga para cobrir os novos custos por destinarem à música parcela do imposto calculado sobre o bom faturamento deste ano.
Mas 2009 será o Ano da França no Brasil. Duas das orquestras que estarão presentes, a Nacional da Ilha da França, em agosto pelo Mozarteum, e a dos Champs-Elysées, em abril pelo Cultura Artística, serão em parte patrocinadas pelo governo francês.
Essa previsibilidade só destoa quando se fala do Teatro Municipal, com suas duas orquestras (Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório) e, sobretudo, com sua temporada lírica. O prefeito Gilberto Kassab deixou para a última hora a confirmação do secretário da Cultura, e nada foi programado antecipadamente (leia abaixo). O Teatro São Pedro, patrocinado pelo Estado, anunciará sua temporada só em março. Serão duas reprises e três novas produções.
A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) está com sua programação anunciada desde o início de outubro. Será a penúltima sob a direção artística de John Neschling. Ela fará duas óperas em versão de concerto: em abril, "Falstaff", de Verdi, e em setembro, "O Cavaleiro da Rosa", de Richard Strauss.

Déjà-vu
Boa parte das orquestras, solistas e conjuntos de câmara já esteve no Brasil. É o caso da mais conhecida das atrações, a Filarmônica de Israel, que chega em agosto pelo Cultura Artística, sob a regência de Zubin Mehta. A orquestra e o maestro se apresentaram em São Paulo pela última vez em 2005. E também quatro anos antes, quando registraram ao ar livre, no Ibirapuera, um recorde paulistano de público para concertos de música clássica.
A Orquestra de Câmara de Zurique, com o pianista e regente Rudolph Buchbinder, que agora volta pelo Mozarteum, apresentaram-se na Sala São Paulo em 2003. Foi uma antológica interpretação do "Concerto nº 5", de Beethoven. Outro pianista, o russo Arcadi Volodos, volta em outubro para recitais solo pelo Cultura Artística, que já o trouxe a São Paulo em 2005. E as pianistas francesas Katia e Marielle Labèque, pelo Mozarteum, em outubro, voltam depois de concorridas récitas há três anos. Também pelo Mozarteum, volta em junho pela terceira vez o violinista americano Joshua Bell.
Esse "dejà-vu" não é prova de pouca imaginação da programação. É bem mais sintoma da sintonia das temporadas de concerto com o chamado star system da indústria erudita.
Mas muitos vêm pela primeira vez, como a Orquestra da Suíça Romanda, em maio, pelo Cultura Artística. Ou, em abril, da Orquestra Elbipolis, de Hamburgo, pelo Mozarteum.
Mas a Osesp também garimpa para trazer solistas de prestígio nas temporadas européias e americanas. São os casos da soprano alemã Juliane Banse, solista de peças de Mozart, do violinista russo Sasha Rozhdestvensky e do alemão Kolja Blacher, dos violoncelistas Xavier Phillips, francês, e Johannes Moser, alemão, do violonista brasileiro Fábio Zanon, ou da percussionista escocesa (ela é surda) Evelyn Glennie.
A temporada da Osesp terá, no entanto, excelentes pianistas: Arnaldo Cohen, Alexandre Tharaud, Artur Pizarro, Anatol Ugorsky, José Feghali e Jean-Philippe Collard.


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