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Crise financeira global não abala agenda erudita
Em SP, Cultura Artística, Osesp e Mozarteum mantêm suas programações, apesar da alta registrada pelo dólar e pelo euro
Embora haja incertezas em órgãos do Estado, como o Teatro Municipal, boa parte das atrações estrangeiras já está confirmada para 2009
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As três principais temporadas de música de câmara e sinfônica em São Paulo -Cultura
Artística, Osesp e Mozarteum- já estavam programadas antes da crise financeira
global. Os programas são mantidos, apesar da cotação maior
das moedas que remuneram os
músicos estrangeiros. "Não tivemos nenhum problema com
a temporada, e as negociações
com os músicos e os patrocinadores correm bem tranqüilas",
afirma, por exemplo, Sabine
Lovatelli, do Mozarteum.
De certo modo, empresas patrocinadoras têm certa folga
para cobrir os novos custos por
destinarem à música parcela
do imposto calculado sobre o
bom faturamento deste ano.
Mas 2009 será o Ano da
França no Brasil. Duas das orquestras que estarão presentes, a Nacional da Ilha da França, em agosto pelo Mozarteum,
e a dos Champs-Elysées, em
abril pelo Cultura Artística, serão em parte patrocinadas pelo
governo francês.
Essa previsibilidade só destoa quando se fala do Teatro
Municipal, com suas duas orquestras (Sinfônica Municipal
e Experimental de Repertório)
e, sobretudo, com sua temporada lírica. O prefeito Gilberto
Kassab deixou para a última
hora a confirmação do secretário da Cultura, e nada foi programado antecipadamente
(leia abaixo). O Teatro São Pedro, patrocinado pelo Estado,
anunciará sua temporada só
em março. Serão duas reprises
e três novas produções.
A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) está com sua programação anunciada desde o
início de outubro. Será a penúltima sob a direção artística de
John Neschling. Ela fará duas
óperas em versão de concerto:
em abril, "Falstaff", de Verdi, e
em setembro, "O Cavaleiro da
Rosa", de Richard Strauss.
Déjà-vu
Boa parte das orquestras, solistas e conjuntos de câmara já
esteve no Brasil. É o caso da
mais conhecida das atrações, a
Filarmônica de Israel, que chega em agosto pelo Cultura Artística, sob a regência de Zubin
Mehta. A orquestra e o maestro
se apresentaram em São Paulo
pela última vez em 2005. E
também quatro anos antes,
quando registraram ao ar livre,
no Ibirapuera, um recorde
paulistano de público para concertos de música clássica.
A Orquestra de Câmara de
Zurique, com o pianista e regente Rudolph Buchbinder,
que agora volta pelo Mozarteum, apresentaram-se na Sala
São Paulo em 2003. Foi uma
antológica interpretação do
"Concerto nº 5", de Beethoven.
Outro pianista, o russo Arcadi
Volodos, volta em outubro para
recitais solo pelo Cultura Artística, que já o trouxe a São Paulo
em 2005. E as pianistas francesas Katia e Marielle Labèque,
pelo Mozarteum, em outubro,
voltam depois de concorridas
récitas há três anos. Também
pelo Mozarteum, volta em junho pela terceira vez o violinista americano Joshua Bell.
Esse "dejà-vu" não é prova
de pouca imaginação da programação. É bem mais sintoma
da sintonia das temporadas de
concerto com o chamado star
system da indústria erudita.
Mas muitos vêm pela primeira vez, como a Orquestra da
Suíça Romanda, em maio, pelo
Cultura Artística. Ou, em abril,
da Orquestra Elbipolis, de
Hamburgo, pelo Mozarteum.
Mas a Osesp também garimpa para trazer solistas de prestígio nas temporadas européias
e americanas. São os casos da
soprano alemã Juliane Banse,
solista de peças de Mozart, do
violinista russo Sasha Rozhdestvensky e do alemão Kolja
Blacher, dos violoncelistas Xavier Phillips, francês, e Johannes Moser, alemão, do violonista brasileiro Fábio Zanon,
ou da percussionista escocesa
(ela é surda) Evelyn Glennie.
A temporada da Osesp terá,
no entanto, excelentes pianistas: Arnaldo Cohen, Alexandre
Tharaud, Artur Pizarro, Anatol
Ugorsky, José Feghali e Jean-Philippe Collard.
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